O Ministério da Defesa informou que o relatório de fiscalização das urnas não descarta o risco de fraudes no sistema de votação eletrônico. Em nota publicada nesta quinta-feira (10), um dia depois da divulgação da análise das Forças Armadas sobre o tema, a pasta reforçou que, "embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade" de inconsistências.
O documento com o resultado da fiscalização promovida pelos técnicos das Forças Armadas foi encaminhado nesta quarta-feira (09) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Logo depois de receber a avaliação, o presidente da corte, ministro Alexandre de Moraes, se manifestou.
Segundo ele, o documento do Ministério da Defesa, assim como o de outras entidades fiscalizadoras, "não apontou a existência de nenhuma fraude nem inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022".
No texto de esclarecimento, a Defesa voltou a alegar que o acesso de técnicos ao código-fonte foi restringido. A pasta afirma que esse fator comprometeu a análise do desempenho do código. Por isso, o ministério solicitou ao TSE uma investigação técnica da dinâmica de compilação do código-fonte.
O ministério afirmou que "houve possível risco à segurança na geração dos programas das urnas", pois os computadores teriam tido acesso à rede do TSE para compilar o código-fonte. A declaração sustenta que "não é possível assegurar que os programas que foram executados nas urnas eletrônicas estão livres de inserções maliciosas que alterem o seu funcionamento". O ministério também criticou os testes de integridade da urna.
Nesta quarta (9), Moraes acrescentou que "as sugestões encaminhadas para o aperfeiçoamento do sistema serão oportunamente analisadas. O TSE reafirma que as urnas eletrônicas são motivo de orgulho nacional, e as eleições de 2022 comprovam a eficácia, a lisura e a total transparência da apuração e totalização dos votos", ressaltou Moraes.
Comissão de Transparência
Para as eleições deste ano, o TSE convidou as Forças Armadas a compor a Comissão de Transparência das Eleições (CTE), um colegiado externo formado com o objetivo de coletar sugestões para aprimorar o processo eleitoral. Além dos militares, participaram membros da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de órgãos públicos e da sociedade civil.
Desde que passou a atuar na CTE, a Defesa fez vários questionamentos ao TSE e levantou dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas, apesar de os equipamentos passarem por diversas etapas de preparação e fiscalização, tanto interna quanto externa. Como mostrou o R7, as indagações feitas pelos militares foram as primeiras em 26 anos de urna no Brasil.
Após o primeiro turno das eleições, o presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes, determinou ao Ministério da Defesa que apresentasse um eventual relatório de apuração paralela da votação feita pelos militares.
À época, contudo, a pasta disse que não cabe às entidades fiscalizadoras a realização de auditoria e respondeu que a equipe técnica das Forças Armadas atuou "estritamente dentro da legalidade". Segundo a Defesa, os militares não fizeram auditoria das urnas e limitaram-se à fiscalização do sistema eletrônico de votação.
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