Publicado em 24/05/2025 às 14:39, Atualizado em 24/05/2025 às 18:51
Acamado a há vários meses, sem poder caminhar, sentar-se ou mudar de posição, o morador de Nova Andradina, Eduardo Araújo dos Santos, de 34 anos, está literalmente confinado em seu quarto, desde janeiro deste ano, na espera angustiante por uma cirurgia para revisão total da prótese que ele tem no quadril, em decorrência de uma necrose óssea que teve há alguns anos.
O Nova News esteve recentemente na casa da família, onde a mãe de Eduardo, Silvia Maria de Araújo, de 62 anos, que trabalha com delivery de marmitas, relatou o drama que tem enfrentado no aguardo de uma solução para a situação do filho, que além do problema físico, também necessita de acompanhamento psiquiátrico.
A luta de Silvia, na verdade, começou muito antes disso, uma vez que, quando Eduardo era ainda bebê, com menos de dois anos de vida, ele foi acometido por um câncer, passando por um tratamento bastante rigoroso.
Muitos anos depois, em 2018, ele passou a reclamar de dores nos membros inferiores, sendo realizados exames que mostraram uma necrose óssea no quadril e no joelho. Em 2019, ele entrou na fila do Sistema Único de Saúde (SUS), passou por vários médicos e, no dia 09/07/2024, via judicial, conseguiu passar por uma cirurgia particular para remoção da parte óssea comprometida e para instalação de prótese.
Alguns dias depois de receber alta médica, ele sofreu uma queda em casa e fraturou o fêmur, sendo socorrido até uma unidade hospitalar particular, onde foi indicada a necessidade da colocação de uma placa.
Para que o filho não precisa novamente ir para a fila de espera, Silvia vendeu o carro que tinha na época para custear o procedimento, que foi realizado, aparentemente com sucesso.
Em janeiro de 2025, Eduardo voltou a queixar-se de dores, viu-se impossibilitado de andar e, mediante exame de raio-X, foi apontada a necessidade de uma nova cirurgia. Sem recursos e sem outro carro para vender, Silvia acionou a Justiça e, no dia 30/01/2025, Eduardo foi operado novamente na rede particular.
A mãe relata que cerca de dez dias depois, houve o aparente deslocamento da prótese. “A cirurgia nunca fechou, teve infecção e a uma das pontas da prótese saiu do lugar. Desde então ele está acamado, gritando de dor, sem poder ter uma vida normal. O mínimo movimento que ele faz parece provocar o atrito do osso quebrado e a dor é tão insuportável, que ele precisa fazer uso de adesivo de morfina, dentre vários outros medicamentos”, explica.
Novo exame de raio-X, realizado no dia 08/04/2025 mostra a situação do fêmur esquerdo, com a fratura do osso onde a prótese estava encaixada. Documento médico obtido pela família, aponta que Eduardo Araújo dos Santos necessita passar por remoção da artroplastia prévia e substituição por prótese de revisão associada a osteotomia transfemoral, com indicação de submeter-se a procedimento artroplástico de revisão do quadril esquerdo, com substituição articular total.
Diante da impossibilidade de pagar pela cirurgia, que é de altíssimo custo, Silvia Maria de Araújo apelou para a rede pública, sendo feita uma solicitação. O documento ressalta que o procedimento deve ser realizado com urgência para que o paciente possa andar, sentar-se e deixar o leito, higienizar-se adequadamente, deitar-se sem sentir dor, retomar as atividades da vida diária e recuperar a dignidade humana. “Cumpre salientar que se trata de paciente jovem, com 34 anos, acamado, sem condições mínimas de custear procedimento cirúrgico e necessita peremptoriamente dos procedimentos cirúrgicos para que possa viver com o mínimo de dignidade”, diz o pedido.
Temendo pela demora e até mesmo pela possibilidade de negativa da rede pública em realizar a cirurgia, Silvia foi orientada a protocolar também o pedido na Defensoria Pública, o que foi feito. “Estou no aguardo de uma solução. Estou já numa situação de desespero em ver meu filho assim sem que eu possa fazer algo de imediato, motivo pelo qual decidi chamar a equipe do Nova News, para que todos saibam o que estamos enfrentando. Estou de mãos atadas e espero que os setores responsáveis se sensibilizem com nossa história”, pontua.
A mãe de Eduardo disse ao site que manteve contato, nas últimas horas, com a Defensoria Pública, sendo informada da necessidade de se aguardar 15 dias para que o município de Nova Andradina e o estado de Mato Grosso do Sul se manifestem, uma vez que, antes desse prazo não é feito o bloqueio de valores a serem destinados para a realização do procedimento.
De forma simultânea à produção desta matéria, o Nova News solicitou informações sobre o andamento do caso à secretária municipal de Saúde de Nova Andradina, Jozeli Chulli, que ficou de verificar a situação e dar um retorno à equipe nos próximos dias.
Silvia Maria de Araújo faz questão de salientar que não tem a intenção de questionar os procedimentos realizados anteriormente. “Os fatores que levaram meu filho a ficar neste estado, na verdade, não são o meu foco. Não posso afirmar se houve erro médico ou se outras intercorrências resultaram no que estamos vivendo agora, mas, tudo o que eu quero é ver meu filho bem, saindo dessa cama e levando uma vida digna, sem dor”, finaliza a mãe.
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