A principal arma capaz de vencer o Covid-19 e garantir a sobrevivência dos enfermos, os respiradores mecânicos se tornaram objeto valioso e cobiçado por hospitais do país todo. A indústria nacional não consegue suprir a demanda e as importações estão dificultadas pela concorrência feroz que se formou em torno do produto. Uma das saídas encontradas em Mato Grosso do Sul foi consertar respiradores com defeito, alguns há anos parados, e o resultado começa a chegar a quem mais precisa ainda nesta semana.
Essa ação foi articulada pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), em parceria com o Senai (Serviço Nacional da Indústria), que desenvolve iniciativa parecida em todo o Brasil. A Energisa, concessionária dos serviços de energia elétrica, entrou na parceria se dispondo a fazer o transporte dos equipamentos até o laboratório do Senai de Campo Grande, onde é feito o conserto.
“Num primeiro levantamento junto às prefeituras municipais conseguimos identificar 70 respiradores em todas as situações que se possam imaginar, alguns sucateados que só servem pra retirar peça”, explica o secretário da Semagro, Jaime Verruck. Esse levantamento aconteceu na semana passada e a ação foi rápida, como requer o momento.
Ainda na sexta-feira (3) os primeiros respiradores começaram a chegar à unidade do Senai na Capital. O trabalho das equipes de conserto foi rápido e nessa quarta-feira o primeiro lote de 15 respiradores já havia passado por completa higienização e reparos, tendo sido então encaminhados para uma empresa terceirizada que faz a calibragem desses equipamentos, e esses custos serão arcados pela Energisa. Até o fim da semana já poderão ser devolvidos aos municípios, em perfeito estado para uso.
“Nossa meta foi a seguinte: se a gente conseguir consertar um, é um que teremos disponível para uso. Obviamente que não vamos conseguir consertar os 70, mas cada um que nós conseguirmos significa mais uma vida que pode ser salva”, avaliou Jaime Verruck.
Esses foram os primeiros equipamentos liberados, que necessitavam de reparos básicos. Outros passam por manutenção e devem estar prontos para uso nos próximos dias. O diretor-regional do Senai, Rodolpho Caesar Mangialardo, demonstra satisfação com o resultado colhido até aqui.
“Os números são bastante satisfatórios e reforçam a expertise do Senai com relação à manutenção de máquinas e equipamentos. Apesar de nunca termos trabalhado com respiradores hospitalares, nossos colaboradores entendem de manutenção e conseguiram se adaptar rapidamente ao novo desafio”, pontuou.
Os respiradores hospitalares – ou ventiladores mecânicos, como também são chamados – tornaram-se equipamento chave no atendimento a pacientes graves da Covid-19, doença ainda sem uma medicação definida. O vírus ataca o sistema respiratório provocando pneumonia, o paciente tem dificuldade de respirar, o que pode evoluir para óbito. O ventilador mecânico é vital nesse quadro para fazer chegar ar aos pulmões.
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