Publicado em 18/08/2022 às 09:06, Atualizado em 18/08/2022 às 13:09

Há 22 anos, Judiciário mobilizou a construção de projeto para crianças e adolescentes em Ivinhema

TJ-MS,
Cb image default
Imagem: Reprodução / TJ-MS

Quem percorre o entorno do Fórum de Ivinhema talvez esteja acostumado a todo aquele espaço verde com quadras de esporte, campos de futebol, pista de corrida, pracinha para crianças e academia ao ar livre, mas provavelmente desconheça a história da criação deste importante espaço de lazer e de prática de atividades físicas e culturais voltadas para crianças e adolescentes daquele município criado há 22 anos por iniciativa de um juiz.

O terreno pertence ao Poder Judiciário, que o cede ao "Projeto Criança e Adolescente de Ivinhema" e é utilizado pela associação ACAIVI (Amigos da Criança e do Adolescente de Ivinhema). De acordo com o convênio celebrado entre o TJMS e o estatuto da entidade, cabe ao juiz diretor do foro a fiscalização da correta utilização das instalações de acordo com os fins definidos.

Tanto o local onde funciona o fórum como o "Projeto Criança e Adolescente de Ivinhema" foram doados pela empresa de urbanização Someco ao TJMS para a construção do Fórum da comarca de Ivinhema. Uma área gigantesca de cerca de 11.000 m², muito além do necessário para a obra do prédio do fórum. No ato da doação, foi estabelecido que o TJMS assumiria o compromisso de urbanizar o restante da área.

Quando foi atuar na comarca de Ivinhema no ano 2000, o juiz Ariolvaldo Nantes Corrêa, após ouvir a comunidade quanto à melhor destinação daquele espaço, constatou que o principal anseio era a criação de um ambiente de lazer e atividades esportivas para as crianças e adolescentes daquele município, até então inexistente.

Como solução encontrada para viabilizar o gerenciamento e promover também a arrecadação de recursos, o magistrado, juntamente com 26 representantes de órgãos públicos locais e da sociedade civil, criaram o "Projeto Criança e Adolescente de Ivinhema" e a associação ACAIVI para viabilizá-lo, o que se deu no dia 25 de julho daquele ano.

Embora sem nenhum recurso em caixa e com a missão de tirar a ideia do papel, a ACAIVI buscou sensibilizar as instituições, empresas locais e cidadãos em geral a "abraçarem" o projeto.

Segundo o juiz Ariovaldo, o projeto só se tornou possível graças à autorização do então presidente do TJMS, Des. Rêmolo Letteriello, ato indispensável para a utilização da área para o desenvolvimento do "Projeto Criança e Adolescente de Ivinhema", bem como pela concordância dos diretores da empresa Someco – Sociedade de Melhoramentos e Colonização em Ivinhema, que cedeu a área e permitiu a alteração parcial da destinação anterior, além de ser parceira durante boa parte das obras naquele espaço.

E aquela grande área do entorno do Fórum de Ivinhema, que até então era só mato e servia de pastagem para cavalos, começou a se transformar no "Projeto Criança e Adolescente de Ivinhema".

Com reuniões semanais realizadas no plenário do júri do fórum da comarca, os integrantes da ACAIVI mobilizaram as pessoas daquela comunidade e, após cerca de dois anos de muito trabalho, o que era inicialmente uma maquete se tornou realidade. Algo até então improvável numa cidade pequena de interior naqueles anos 2000.

O espaço construído compreendeu uma pista semiolímpica, duas quadras de vôlei, duas quadras poliesportivas, pista de salto em distância, dois campos de futebol society, playground, além da parte administrativa com dois banheiros e vestiários masculino e feminino.

Foram criados ainda pórticos de entrada e uma praça com o busto em homenagem ao fundador da Someco e do Município de Ivinhema, além de um palco para apresentações culturais.

Outro dado importante, segundo o juiz Ariovaldo, foi o fato de que todo o trabalho braçal para a construção deste espaço de atividades esportivas, incluindo também plantio da grama, mudas de plantas, jardinagem e limpeza, foi realizado pelos presos que cumpriam pena na Delegacia de Ivinhema.

Atualmente, a fiscalização do convênio está com o juiz Roberto Hipólito, que começou a judicar naquela comarca no ano de 2017 e é o atual juiz diretor do foro. De acordo com o magistrado, o trabalho desenvolvido por ele atualmente compreende orientar e auxiliar a diretoria da ACAIVI na tomada de algumas decisões sobre os rumos do projeto.

O magistrado pontua que a instituição presta vários e importantes serviços relacionados às crianças e adolescentes da comarca. “São proporcionadas aulas de futebol, recreação com vôlei e outros esportes, assim como aulas de informática”.

Para o juiz, “as participações mais decisivas de magistrados devem ser atribuídas aos colegas da época da criação, uma vez que atualmente o projeto ganhou vida e se desenvolve por si próprio, bastando algumas orientações e os auxílios materiais eventualmente prestados são do próprio cidadão de Ivinhema”.

Sobre o "Projeto Criança e Adolescente de Ivinhema", que no mês de julho deste ano completou 20 anos, o juiz Ariovaldo reflete que “foi algo importante para a comunidade de Ivinhema, para o TJMS e há 20 anos faz parte da vida das crianças e dos Adolescentes daquele município. Um espaço sem qualquer utilização passou a ser usado em atividades esportivas e de lazer pelas crianças e adolescentes, mas é preciso dizer que o ‘Projeto Criança e Adolescente de Ivinhema’ não foi concebido apenas para essa prática. O espaço de atividades culturais, que era a alma do projeto, compreendia biblioteca, sala de estudos (ou informática) e palco coberto para atividades culturais, mas ainda não foi iniciado 20 anos depois. O desafio que fica para a comunidade é construí-lo. Há espaço para isto. O projeto ainda não foi concluído”.

“Os juízes e o TJMS fizeram e fazem a sua parte contribuindo com o 'Projeto Criança e Adolescente de Ivinhema' e com a ACAIVI, mas é preciso que se reconheça que ainda há por fazer e a comunidade de Ivinhema se mostrou forte para realizar a primeira etapa daquele projeto. Gostaria apenas de registrar que muitas vezes um gesto faz muita diferença. O gesto do juiz que teve a iniciativa de mobilizar as pessoas, o gesto do então presidente do TJMS, que autorizou a utilização da área, o gesto dos diretores da Someco, que anuíram para a alteração da destinação da doação, bem como dos juízes Aluízio Pereira dos Santos, César Castilho Marques, Daniela Vieira Tardin, Mário José Esbalqueiro Junior, Rodrigo Barbosa Sanches e Roberto Hipólito da Silva Jr, além daqueles integrantes da ACAIVI durante esse longo período”, finalizou Ariovaldo.