Publicado em 08/03/2025 às 08:34, Atualizado em 08/03/2025 às 12:41
Servidoras compartilham suas experiências e reforçam a importância da presença feminina em espaços de liderança
A presença da mulher em cargos de liderança tem se tornado cada vez mais expressiva, mas ainda enfrenta desafios. No setor educacional, onde historicamente as mulheres são maioria como professoras, a ocupação de cargos de gestão exige esforço, resiliência e dedicação. Diretoras de escolas e gestoras educacionais compartilharam suas experiências sobre essa trajetória, destacando a importância da valorização da mulher e o impacto do olhar feminino na administração escolar.
Entre os depoimentos, a fala da diretora da Escola Cívico-Militar Professor Alberto Elpídio Ferreira Dias, Fernanda Bucalon, ganha destaque. Sendo a primeira mulher a assumir a gestão de uma instituição desse modelo em Campo Grande, ela relata o impacto de sua presença em um ambiente tradicionalmente masculino.
"Ocupar esse espaço como mulher é, sem dúvida, um grande desafio. Meu objetivo não é buscar uma igualdade a qualquer custo, mas sim uma igualdade baseada no respeito e na valorização das nossas capacidades. A gestão feminina traz um olhar mais humanizado, atento aos detalhes que fazem a diferença no dia a dia da escola. Esse olhar não apenas soluciona problemas, mas enxerga oportunidades de transformação”, relata Fernanda.
Ela também reforça que sua trajetória pode inspirar outras mulheres a ocuparem espaços de liderança. "Ser reconhecida em um ambiente majoritariamente masculino é um privilégio, mas também uma responsabilidade. Me sinto respeitada e valorizada pelos meus colegas, mas faço questão de trazer minha identidade para a gestão, buscando os mesmos resultados com um olhar diferenciado”.
Recentemente, a gestora viveu um momento marcante em sua carreira ao receber uma homenagem surpresa da comunidade escolar no seu aniversário. "Os portões da escola foram abertos, e os 400 alunos, junto com os Corpo de Bombeiros, me receberam prestando continência. Foi emocionante. Esse reconhecimento, tão raro para uma mulher em um ambiente cívico-militar, me mostrou que estou no caminho certo. Foi um marco na minha trajetória profissional”, conta.
A importância da mulher na gestão educacional
Além dessas lideranças, a atual gestora da Regional de Paranaíba, Maria Aparecida Eufrásio da Silva, conhecida carinhosamente como Cidinha, que tem uma longa trajetória na educação, reforça essa importância.
"Tenho uma caminhada de dedicação: fui professora por 15 anos, atuei como gestora educacional e dirigi escolas por 17 anos. Sabemos que as oportunidades ainda são desiguais, mas conquistamos nosso espaço por meio do nosso trabalho, seja como professoras, gestoras ou em outras áreas da educação. Precisamos incentivar mais mulheres a participarem, a se destacarem e a assumirem posições estratégicas, não só na educação, mas também na gestão pública e em todos os setores da sociedade”, destaca Cidinha.
Conquistas e desafios
As histórias dessas mulheres mostram que a liderança feminina traz contribuições significativas para a gestão educacional. Além de enfrentarem desafios no ambiente profissional, muitas equilibram múltiplas responsabilidades, como maternidade e vida familiar, sem abrir mão do desejo de crescimento na carreira.
A superintendente de Desenvolvimento da Educação Básica da SED, Adriana Buytendorp, reforça que as mulheres enfrentam desafios extras, equilibrando carreira, família e responsabilidades pessoais, demonstrando, assim, sua capacidade de liderar com competência, firmeza e um olhar humanizado, essencial para uma gestão eficiente e inclusiva.
“É fundamental que a sociedade valorize e incentive mais mulheres a assumirem posições de liderança. Neste Dia Internacional da Mulher, reforço a importância de continuarmos avançando e abrindo caminhos para que mais mulheres liderem com confiança e legitimidade. Me sinto honrada por contribuir para a Educação do Mato Grosso do Sul e espero que cada vez mais mulheres tenham oportunidades de transformar a realidade com muito trabalho e dedicação”, afirmou Adriana.
A força da mulher indígena na gestão escolar
Cledeir
Outra história inspiradora é a da diretora da EE Indígena Natividade Alcântara Marques - Aldeia Buriti em Dois Irmão do Buriti, Cledeir Pinto Alves, que também enfrenta desafios únicos como mulher e indígena. Pertencente à etnia Terena, ela destaca o significado de ocupar um cargo de liderança em um cenário onde, historicamente, as mulheres indígenas foram silenciadas.
"Estar à frente da gestão de uma Escola Estadual é, sem dúvida, um grande desafio. Sempre foi difícil para as mulheres conquistarem espaços de liderança na sociedade, e para as mulheres indígenas, esse caminho tem sido ainda mais longo. Durante muito tempo, fomos silenciadas e pouco reconhecidas nesses lugares de decisão. Mas hoje, estamos ocupando nossos espaços por direito”, afirma Cledeir.
Além da responsabilidade de administrar a escola em diferentes áreas, ela reforça a importância de sua presença como símbolo de representatividade. "A mulher indígena também tem voz, tem capacidade e tem o direito de estar nesses espaços. Para mim, essa conquista não é apenas pessoal, mas coletiva. Mostra que podemos e devemos estar na liderança, influenciando e transformando a realidade ao nosso redor”, completa a diretora.