Familiares de Roberto Barros Ferreira, de 50 anos, contabilizado como o 15º em óbito por covid-19 no município de Nova Andradina, entraram em contato com o Nova News na tarde desta terça-feira (20) para denunciarem os critérios adotados pelo sistema de saúde com relação ao caso.

Segundo a sobrinha da vítima, Alynne Ferreira Rodrigues, a família foi surpreendida com o resultado do terceiro teste e teria sido informada sobre a situação quando passava na região de Ivinhema, acompanhando o traslado do corpo de Dourados para Nova Andradina.

“No hospital de Dourados nos disseram que não era coronavírus. O corpo dele veio sem nenhum cuidado especial aí quando estávamos no meio do caminho ‘surgiu’ esse teste positivo”, afirma sobrinha, ao dizer que o corpo do tio não foi submetido aos protocolos de biossegurança específicos para casos de covid-19.

“Sabemos que quando se trata de óbito pelo coronavírus, o corpo é embalado em um saco plástico, com álcool e colocado em caixão lacrado, mas com relação ao meu tio nada disso aconteceu. O corpo foi manuseado pela equipe da funerária e transportado de forma normal porque saímos do hospital de Dourados com a informação de que não era covid-19", afirma Alynne.

A sobrinha contou ao Nova News que Roberto havia sido levado para a ala psiquiátrica do Hospital Universitário (HU) de Dourados para tratamento de um quadro de esquizofrenia, sendo que, com o passar dos dias, teria apresentado pneumonia. “Foram feitos dois exames para covid-19, um pelo próprio HU e outro pelo Laboratório Central (Lacen) de Campo Grande, e ambos deram negativo”, explica.

“Então meu tio arruinou e faleceu. Fui lá para acompanhar a liberação do corpo, tive acesso aos dois exames negativos e ao atestado de óbito, a equipe da funerária trouxe o corpo e viemos juntos no carro, quando, ao passarmos por Ivinhema, fomos acionados por familiares que disseram que Secretaria de Saúde de Nova Andradina havia entrado em contato para dizer que um terceiro teste deu positivo. A gente nem sabia que tinha sido coletado material para um terceiro teste!”, denuncia.

“Chegamos na cidade e, diante da nova situação, já procedemos o sepultamento. Ele não teve direito nem a um velório digno. Agora, todos nós da família, que tivemos contato com ele, estamos em isolamento. Caso meu tio tenha mesmo morrido de covid-19 vidas foram colocadas em risco, como a dos agentes funerários e de todos nós da família”, pontua.

“Registramos aqui nossa indignação. Se não é covid-19, por que disseram que foi? Ou, por outro lado, se havia ainda uma suspeita de que poderia ser covid-19, o corpo não deveria ser mantido no necrotério do hospital ou liberado apenas dentro dos protocolos de biossegurança?”, finaliza.

Outro lado

De forma simultânea à publicação desta matéria, o Nova News repassou o caso à Secretaria de Saúde de Nova Andradina e também com o setor de comunicação do Hospital Universitário, se colocando à disposição caso as instituições queiram se manifestar sobre o episódio, fornecendo qualquer tipo de esclarecimento aos familiares da vítima e à população em geral.

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