Publicado em 11/07/2022 às 07:33, Atualizado em 11/07/2022 às 11:36

Pecuária sustentável a partir da Macaúba: Batayporã receberá iniciativa pioneira com vistas à neutralização da emissão de carbono

Ana Carla Barbosa, Assessoria
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Prefeito Germino Roz, Milke Lu e Tony Dragan durante reunião para debater detalhes do Dia de Campo previsto para novembro de 2022. Foto: Ana Carla Barbosa Santi

Sustentabilidade, inovação e geração de renda. O objetivo é tornar o tripé possível a partir da exploração do fruto da Macaúba, palmeira típica do bioma Mata Atlântica e muito presente em Batayporã. Conforme explicou o CEO da Curcas Diesel Brasil, integrador da Plataforma Brasileira de Bioquerosene e Renováveis e presidente do Conselho da Fundação Jovem Empreendedor, Mike Lu, o município irá comportar projeto piloto baseado na economia de baixo carbono.

Em síntese, a iniciativa visa à implantação da Plataforma Integrada de Pecuária Sustentável e Biocombustíveis (PIPSBio) para produção de ração de baixo carbono para rebanhos bovinos baseada na torta da polpa e amêndoa da macaúba, e biocombustíveis a partir de resíduos agrícolas como bagaço de cana e da própria Macaúba.

Após mapeamento feito por drones em propriedades rurais de Batayporã, o potencial local chamou a atenção, tendo sido identificados cerca de 150 hectares de maciços de macaúba apenas nas fazendas Primavera e Flamboyant, que deverão ancorar a prova de conceito da pecuária sustentável através dos créditos de carbono dos maciços e ração de baixo carbono proveniente dos farelos da Macaúba.

Outro diferencial da macaúba está no fato de a palmeira poder ser consorciada com pastagens já existentes no chamado ILPF (Integração Lavoura, Pecuária, Floresta), ou seja, não é necessário diminuir o rebanho nem degradar áreas com desmatamento. A característica vai ao encontro do atrativo econômico, já que mercados estrangeiros aplicarão em breve taxas de carbono aos produtos importados. "A carne produzida aqui sem se adequar à neutralização do carbono irá sofrer barreiras com a alta dos impostos de exportação. Os países importadores já estão exigindo a certificação de produção de baixo carbono", descreveu Lu.

Uma cadeia de valor

Com a intenção de promover o conceito de ESG Rural (Environmental, Social, and Governance), que pode ser traduzido como governança ambiental, social e corporativa, a Plataforma Integrada de Pecuária Sustentável e Biocombustíveis pretende formar uma cadeia de valor da Macaúba em Mato Grosso do Sul. As possibilidades que a macaúba oferta deverão fomentar atividades ligadas à restauração ambiental, agricultura familiar, tecnologia de monitoramento por drones e, mais adiante, produção de combustíveis limpos, a exemplo do diesel verde para atender a demanda das cooperativas de soja e de todo o setor sucroalcooleiro.

Todo o projeto corresponde à Agenda 2030 para desenvolvimento da cadeia da Macaúba na região com os municípios parceiros. A agenda é baseada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pautados pela Organização das Nações Unidas (ONU), descritos como "um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima".

Parcerias

Entre os parceiros da Plataforma estão a Prefeitura de Batayporã e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro). "É importante frisar que essa iniciativa integra a região na economia global de baixo carbono preconizada pelo Acordo de Paris e apoia a Década da ONU de Restauração de Ecossistemas", destacou o prefeito Germino Roz sobre os pactos internacionais de preservação ambiental.

Juntamente com a Semagro e outros apoiadores, o município irá promover o Workshop da Cadeia Produtiva da Macaúba com dia de campo para integração da Agricultura Familiar e visitação aos maciços no dia 11 de novembro de 2022. A programação completa já está sendo elaborada e deverá ser divulgada pela Prefeitura nos próximos meses.