O fechamento do Museu Histórico e Cultural Antônio Joaquim de Moura Andrade, em Nova Andradina, tem preocupado a professora do Curso de História da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul- Campus Nova Andradina) Dulceli de Lourdes Tonet Estachescki.
Criado no ano de 2005 e localizado na área central do município, o espaço segue fechado desde o início da pandemia.
“Quando cheguei à cidade em fins de 2019 fiquei maravilhada com a existência desse espaço de memória, de história, de cultura. Logo imaginei todas as atividades que poderia desenvolver ali, como professora do curso de História, com particular interesse em Patrimônio Histórico Cultural. Visitas guiadas, aulas ao ar livre, ali ao redor do museu, pois o espaço permite refletir sobre o patrimônio material, imaterial e natural da região. Poderiam ser organizadas exposições itinerantes de outras histórias e memórias, bem como poderia ser estimulada a análise do acervo, inspirando diferentes pesquisas históricas sobre a cidade e seus sujeitos”, afirmou Dulceli.
A professora recordou ainda, as primeiras vezes em que esteve no local. “Nas minhas primeiras visitas ao local fui muito bem recebida pelo Professor David que, naquele período, era quem recepcionava as pessoas no Museu. Ele me falou do acervo, me apresentou um livro, publicado em 2004 em comemoração ao aniversário da cidade, que faz parte do acervo do Museu. Combinamos o agendamento de uma visita guiada com estudantes do curso de História da UFMS para o início de 2020, mas veio a pandemia e o Museu precisou fechar suas portas,” lamentou.
O acervo do Museu é constituído por objetos variados, desde instrumentos de trabalho dos primeiros moradores e moradoras da região a utensílios de uso cotidiano de diferentes períodos da história da cidade. Essa variedade é característica de museus municipais que, geralmente, organizam seu acervo a partir das doações que recebem. Há no acervo um conjunto de fotografias, de jornais, de documentos, como o Diário Oficial da União de 1958 com a publicação da criação do município e o documento de nomeação de Luiz Soares de Andrade como prefeito de Nova Andradina em 1959. Há a fotografia de Dona Guiomar Soares de Andrade ao lado de uma pequena biografia sua, permitindo pensar a história das mulheres na cidade.
“Esse conjunto de objetos, fotografias, documentos, são registros de memórias e histórias da cidade e seus diferentes sujeitos e é também um reflexo do que foi escolhido e do que foi possível preservar e de que narrativas históricas se pretendeu elaborar ao longo do tempo,” enfatizou.
O fechamento do Museu, inicialmente devido à pandemia, acabou se estendendo para além do esperado, pois a edificação que o acolhe apresenta diferentes danos e precisa de uma revitalização para que suas portas sejam reabertas.
“Anseio para que o projeto de revitalização do Museu local se efetive rapidamente para que o acervo possa ser novamente exposto, para que pesquisas possam ser desenvolvidas, para que universidades e escolas possam desenvolver atividades no local com estudantes, para que moradores e moradoras possam encontrar ali suas memórias e histórias e para que visitantes tenham ali um local de atividade cultural para apreciar na cidade. Nova Andradina tem histórias, tem memórias e tem um local que as acolhe, muitos municípios não tem esse espaço! Que possamos valorizar isso, conhecer o local, preservar e divulgar, pois isso promove a própria cidade, mas antes, o Museu precisa ser revitalizado para que suas portas novamente se abram,” finalizou Dulceli.
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