Publicado em 27/06/2020 às 11:27, Atualizado em 27/06/2020 às 17:32
Há cerca de três anos população vive “refém” do HR de Nova Andradina
O último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde de Batayporã deixou a maioria dos moradores da cidade apreensivos em virtude de o município não ter mais um hospital local para atender sua população. Para aqueles que necessitam de atendimento médico em caso de internação hospitalar, se faz necessário recorrer à cidade de Nova Andradina, que fica a aproximadamente 10 quilômetros de distância.
Durante uma live na manhã deste sábado (27), quando foram divulgados os novos números de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, que chega a quase 30 casos, Marcela Leite, secretária de Saúde, demostrou preocupação com a situação. Em sua fala, ela cobrou ajuda dos moradores no sentido de colaborar no combate à pandemia e, ao mesmo tempo, deixou a clara sua apreensão, caso alguém necessite de internação.
“Infelizmente o vírus voltou a circular em nosso município é... estamos preocupados com a população de Batayporã, pois sabemos que caso esses pacientes precisem de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), vai ficar complicado se muitas pessoas começarem a positivar em nossa região”, disse ela se referindo à falta de leitos hospitalares.
Na manhã deste sábado (27), via telefone, o Nova News questionou a secretária sobre qual seria a segunda opção para os pacientes de Batayporã que, porventura, possam necessitar de UTI diante de uma possível superlotação do Hospital Regional (HR) de Nova Andradina. A gestora explicou que o HR de Nova Andradina é a unidade de referência para a região e, caso haja um esgotamento de vagas, a segunda opção seria encaminhar esses pacientes para Dourados, que é a cidade de referência para a macrorregião.
O Nova News ouviu também, por telefone, Valter Gonçalves Xavier, de 60 anos, morador do município e uma das pessoas que vivem momentos de apreensão com avanço do vírus. Além de ser fumante, ele sofre com pressão alta e reumatismo e, ultimamente, vem fazendo uso medicamento controlado devido a outros problemas que preferiu não detalhar.
“Eu sou uma dessas pessoas que precisa se cuidar ao máximo para não pegar essa doença. Estou no grupo de risco e ainda por cima, dependemos de hospital de Nova Andradina, pois o nosso, está fechado. Até quando iremos viver com esse pesadelo”, questionou.
Maria Cristina Simões, de 39 anos, foi outra moradora que a reportagem telefonou para ouvir sobre a questão. Ela também é moradora de Batayporã e disse que seus pais são idosos, ambos acima dos 60 anos e já com vários problemas de saúde.
Cristina explica que vive mais apreensiva que os próprios pais, pois, em suas palavras, tem medo de ser contagiada pelo vírus e transmitir a covid-19 à família. “Vivo um constante pesadelo. Perto de onde moramos tem um caso positivo. Meus pais não saem de casa, estão praticamente trancafiados e sendo monitorados por mim. O que me causa mais revolta e saber que nossa cidade não tem hospital para nos atender. Somos refém dos outros”, desabafou.
É importante destacar, no entanto, que, segundo declaração anterior da secretária de Saúde, Marcela Leite, durante entrevista à Rádio Cidade FM, logo no início da pandemia, o fato de Batayporã não ter hospital não representaria um agravante para o cenário da covid-19, uma vez que, mesmo quando o município contava com a unidade hospitalar, ela não tinha nenhum leito de UTI.
“A gente tinha um hospital com leitos comuns, o que, no caso de atendimento a pacientes mais graves de covid-19 não resolveria nada. De todo modo teríamos que transferir os infectados que necessitassem de internação, seja para Nova Andradina, Dourados ou até Campo Grande”, disse Marcela naquela ocasião.
Conforme já noticiado pelo site, a Sociedade Hospitalar São Lucas decidiu fechar a unidade devido à falta de recursos decorrentes do atraso e ausência dos repasses das esferas municipal, estadual e federal em outubro de 2016, na gestão do ex-prefeito Beto Sãovesso (PSDB).
Em janeiro de 2017, já no mandato do atual prefeito Jorge Takahashi (MDB), o Poder Executivo Municipal propôs à entidade arcar com a contratação dos médicos, cuja despesa é maior.
O município se comprometeu a custear mensalmente R$ 70 mil, ao assumir os plantões presenciais, as cirurgias eletivas e as transferências de pacientes para referências hospitalares.
Por outro lado, os gestores da Sociedade Hospitalar São Lucas afirmaram que o valor era inviável e a única alternativa seria um repasse mensal de pelo menos R$ 158 mil. Como o prefeito disse não ter condições de repassar o valor sugerido, as negociações não avançaram e unidade permanece fechada até os dias atuais.
O prédio onde antes funcionava o Hospital São Lucas agora é ocupado por uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), por um centro de triagem da covid-19 e pela própria Secretaria Municipal de Saúde.
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