Publicado em 12/07/2023 às 07:30, Atualizado em 12/07/2023 às 11:43
O uso da tecnologia contribui para as ações de monitoramento e preservação do Pantanal e do Cerrado em Mato Grosso do Sul, no trabalho desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros do Estado no combate aos incêndios florestais.
Com drones, equipamentos de proteção individual específicos para garantir segurança (roupas e botinas resistentes as chamas), monitoramento via satélite por meio de convênios com a Nasa – agência do governo dos Estados Unidos –, Polícia Federal, Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), além de tecnologia de navegação, dados e inteligência artificial, a atuação dos bombeiros é cada vez mais específica e qualificada para evitar e mitigar os danos causados pelos incêndios florestais.
“Nós trabalhamos também a questão da tecnologia da informação. Hoje está tudo integrado e cada vez mais nos tornamos efetivos neste combate a incêndios, porque na fase de prevenção nós já vamos monitorando o clima, as condições, o ambiente. No Corpo de Bombeiros nós temos o núcleo de geoprocessamento de dados, monitoramento 24 horas por dia e outras tecnologias embarcadas. Hoje nossas guarnições saem com drone, computador, dando as equipes a capacidade de ter uma amplitude daquele incêndio antes de ir a campo. Essa tecnologia cada vez mais vai efetivando nosso serviço”, disse a tenente-coronel Tatiane Inoue, chefe do CPA (Centro de Proteção Ambiental) do Corpo de Bombeiros Militar de MS.
Em funcionamento há mais de 21 anos, o CPA funciona 24 horas por dia – todos os dias da semana – com trabalho de monitoramento e análise diária de dados que servem como base das atividades dos bombeiros no combate a incêndios florestais no Estado.
“Temos convênio com a Nasa, Polícia Federal e Imasul, que é um diferencial do monitoramento realizado. Tudo com dados alimentados instantaneamente, o que contribui para avaliação das estratégias de atuação e combate”, explicou o tenente Alexandre de Oliveira, especialista em engenharia ambiental do CPA.
A tecnologia aliada as informações obtidas por meio do monitoramento constante contribuem para garantir atuação efetiva na proteção dos biomas de Mato Grosso do Sul. “Houve uma redução (dos focos de calor) de aproximadamente 70% em todo o território sul-mato-grossense, não só do Pantanal, além da quantidade de área queimada com queda bastante significativa. Como essa logística desde o nosso monitoramento até a ida a campo, com as parcerias dos órgãos estaduais, federais e internacionais, conseguimos integrar todos para fazer esse trabalho de maneira mais efetiva”, disse Oliveira.
Os treinamentos realizados, monitoramentos com auxílio da tecnologia e outras ações desenvolvidas, auxiliaram diretamente para a redução as ocorrências de incêndios florestais no Estado.
“Ao longo dessas temporadas severas nos aperfeiçoamos inclusive com instrumentos de legislação moderna, que regula o que deve ter na propriedade rural para que se evite os incêndios, e quando acontecer conseguir trabalhar com materiais e equipamentos necessários. E também as brigadas de incêndios florestais regulamentadas dentro do Estado. Estas ações possibilitaram a gente expandir na parte de tecnologia. Temos duas aeronaves com tecnologia embarcada para o combate a incêndio florestal, temos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para os nossos combatentes, nos articulamos com outras agências, tudo como evolução das últimas temporadas. E somos referência para outros estados”, disse a tenente-coronel Tatiane.
Dados
A ação integrada do Governo do Estado para prevenir e controlar os incêndios no Pantanal e em outros biomas de Mato Grosso do Sul já surte efeito com a redução significativa de áreas queimadas.
Levantamento do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS) divulgado em abril deste ano, aponta redução de 74,7% nos focos de calor nos três biomas do Estado – Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica -, entre 2021 e 2022, passando de 9.377 para 2.368 ocorrências.
No Pantanal, a área queimada e os focos de calor tiveram redução de mais de 80%. No ano de 2021 foram queimados mais de 1,3 milhão de hectares com mais de 5,9 mil focos de calor. Já no ano passado, a área queimada reduziu para 246,9 mil hectares com pouco mais de 1,1 mil focos de calor em seis municípios – Aquidauana, Corumbá, Ladário, Miranda, Porto Murtinho e Rio Verde de Mato Grosso. Os registros de incêndios florestais, atendidos pelo Corpo de Bombeiros, também caíram mais de 40%.
No Cerrado, os focos de calor também tiveram redução de 67,6%, passando de mais de 3 mil em 2021, para 973 em 2022. E na Mata Atlântica, a redução foi de 53,6%, passando de 474 para 220 focos de calor, respectivamente em 2021 e 2022.
Também ocorreram grandes avanços na preservação de área protegidas. Houve queda significativa de áreas queimadas em unidades de conservação do Pantanal e Cerado (74,3%), Rede Amolar (30%) e terras indígenas (83,8%).
Atuação
Para que os focos de calor continuem sob controle, as ações do Governo do Estado são realizadas durante todo o ano. O trabalho é integrado, com sustentabilidade e ações efetivas para garantir a segurança dos biomas, especialmente na época de estiagem e seca, quando o risco de incêndios aumenta. Um dos reforços atuais é a aeronave Air Tractor, usada nas regiões de difícil acesso. O avião, que tem capacidade para transportar até três mil litros de água, foi entregue no dia 28 de fevereiro deste ano no Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema.
A aeronave incrementa as ações de proteção do meio ambiente na região do Vale do Ivinhema, que também terá a reforma e implantação do aeródromo no Parque Estadual. A pista de pouso no local é estratégica no combate a incêndios na região, que teve grande incidência de ocorrências em anos anteriores, além de ser a primeira base de combate a incêndio florestal do Governo.
“Fomos recentemente citados, inclusive, pelo Inpe como exemplo a ser seguido. Fizemos um estudo de dados, e o Mato Grosso do Sul foi apresentado como uma ilha de conservação. Enquanto os estados vizinhos e países como a Bolívia e o Paraguai estavam com focos de calor gritantes, o Estado tinha alguns focos. Isso é resultado de muito investimento do Estado das articulações, principalmente feitas pelo Comitê (Interinstitucional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), que estão dando esse resultado de conservação do nosso meio ambiente”, finalizou a tenente-coronel.