Buscar

CRAS recebeu mais de 2 mil animais silvestres em 2019

A região do Pantanal é de onde chegam a maior parte dos animais com ferimentos causados por atropelamentos de veículos

Cb image default
Imagem: Divulgação / CRAS

O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) recebeu 2.085 animais com ferimentos ou vítimas do tráfico durante o ano de 2019. A maioria (1.565) aves de diferentes espécies e tamanhos: desde araras, papagaios, corujas, até pássaros de pequeno porte como curiós e canários criados em cativeiro e sem licença ambiental. O CRAS é um hospital veterinário especializado no tratamento e reabilitação de animais silvestres, vinculado ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).

O segundo grupo mais volumoso a dar entrada no CRAS no ano passado são os mamíferos, somando 340 animais. Na lista estão anta, onça, tamanduá bandeira e mirim, macaco. Em seguida vêm os répteis (180). O médico veterinário do CRAS, Lucas Cazati, explica que, em geral, as aves chegam filhotes, sendo mais difícil alcançar êxito no tratamento. Muitos não sobrevivem até a fase adulta para serem devolvidas à natureza.

Em apenas uma apreensão, durante barreira na BR-267, em Bataguassu, em setembro, a PMA (Polícia Militar Ambiental) encaminhou 150 filhotes de papagaios ao CRAS. As aves tinham entre 20 e 40 dias e eram conduzidas em caixas de madeira no porta-malas de um veículo. O motorista Eronides Eliziario Paes de Lira, morador de Ivinhema (MS), foi multado em R$ 750 mil e encaminhado à Delegacia de Polícia Civil, onde foi lavrado o flagrante.

O infrator confessou aos policiais militares ambientais que passou três dias capturando os filhotes nas matas da região e que venderia em feiras de São Paulo. Pelo menos 50 ninhos foram destruídos nessa ação criminosa. No CRAS os filhotes recebem alimentação adequada, medicação e cuidados, porém fora de seu habitat, muitos não resistem, lamenta Cazati.

Imagens: Divulgação / CRAS

Outros animais, pelas características da espécie, têm dificuldade de se readaptar ao ambiente natural. É o caso das onças. No CRAS vivem 7 onças pardas adultas que chegaram muito jovens, geralmente porque suas mães foram mortas por caçadores, e agora não têm para onde ir ou perderam o instinto de caça, impossibilitando que sobrevivam em seu habitat. Além dessas, chegaram há poucos dias dois filhotes de onça parda ao Centro.

Recentemente o Centro recebeu uma anta, trazida pela equipe de resgate da CCR MSVias, empresa que administra a rodovia BR-163. O animal pesa cerca de 300 quilos, estima o veterinário Lucas Cazati. Foi atropelada e está em recuperação, devendo nos próximos dias ser devolvida à natureza. Outros dois filhotes de anta chegaram muito pequenos e a intenção é soltá-los assim que aprendam a se alimentar sozinhos para que consigam sobreviver.

Da mesma forma, um bugio macho adulto, com cerca de 8 quilos, chegou ao CRAS no sábado (4.01) com ferimentos em um braço e no pescoço. Passou por cirurgias e se recupera bem, afirma Cazati. O animal foi trazido pela PMA da região de Miranda. Os ferimentos foram causados por uma queda de uma torre de alta tensão.

A região do Pantanal é de onde chegam a maior parte dos animais com ferimentos causados por atropelamentos de veículos. Lembrando que nos casos de acidentes dessa natureza, em geral os animais morrem, poucos conseguem sobreviver até a chegada do resgate e o transporte ao CRAS. Já as aves são trazidas, na maioria, dos municípios da Costa Leste do Estado (Vale do Ivinhema).

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.