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Determinadas e atuantes, mulheres se destacam no agro em Mato Grosso do Sul

Em alguns municípios, como Amambai, Coronel Sapucaia e Sidrolândia, para cada 10 estabelecimentos rurais, pelo menos três são liderados por mulheres

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Mesmo lidando com sentimentos de insegurança e até mesmo o sentimento de solidão, Dora não se acovardou diante das dificuldades - Foto: Saul Schramm

Seja qual for a área do agronegócio, na pesquisa, no campo, na liderança, na política, dentro ou fora da porteira, as mulheres sul-mato-grossenses se destacam e ocupam áreas no setor produtivo, antes, predominantemente ocupadas pelo universo masculino.

De acordo com as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), atualmente cerca de 19% das propriedades rurais do Estado são comandadas por mulheres, um resultado que, apesar de estar longe do ideal, está acima da média nacional e representa uma evolução significativa frente os anos anteriores, considerando, por exemplo, que o Censo do IBGE de 2006 onde a participação feminina era um pouco superior a 10%.

Em alguns municípios, como Amambai, Coronel Sapucaia e Sidrolândia, para cada 10 estabelecimentos rurais, pelo menos três são liderados por mulheres. Em Nova Alvorada do Sul, município localizado a 115,2 quilômetros de Campo Grande, a participação é de 28,5% e é justamente lá que encontramos um símbolo de superação e determinação: a pecuarista, Dora Bileco.

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A força e a presença feminina na agricultura de MS - Foto: Saul Schramm

Dora Bileco começou sua história no campo, muito cedo, ainda criança, na agricultura familiar, nascida no Rio Grande do Sul, ainda na infância migrou para Mato Grosso e casou-se com um pecuarista sul-mato-grossense e é mãe de três filhos. Há nove anos, após ficar viúva, viveu uma intensa história de superação, onde a capacitação, a união e a determinação foram elementos importantes para a restruturação de sua propriedade rural, hoje, considerada um exemplo de pecuária intensiva e de tecnologia.

“Em 2009, eu fiquei sozinha com os filhos pequenos para criar”, explica Dora referindo-se ao falecimento de seu esposo, vítima de um acidente. “Nesse período eu já estava formada em arquitetura e urbanismo e já exercia minha profissão em Nova Alvorada do Sul. A fatalidade do acidente me levou a abrir mão da minha profissão e encarar de frente as dificuldades do dia a dia na fazenda”.

Em meio à insegurança, preocupações e até mesmo o sentimento de solidão, Dora não se acovardou diante das dificuldades. “Foram muitas barreiras a serem superadas e eu me perguntava sempre: como fazer para coordenar um serviço de máquina? O que que é uma grade? Como é que toca um trator? Como que compra peça? ”.

Com tantos questionamentos, Dora destaca o caminho tomado para o aprendizado: “Buscava ler, ler e ler. Aprender! Conviver, conversar com pessoas bem-sucedidas e foi assim que, com o tempo, ganhei segurança”. O resultado do esforço é um tripé de conquistas: aprendizado, união da família e a melhoria na estrutura da propriedade rural. “Com isso, conseguimos a melhoria na qualidade de vida, que é o que todo mundo procura”.

Do campo à cidade

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Agnes saiu da cidade para o campo e hoje trabalha na pequena propriedade rural da família - Imagem: Saul Schramm

Na Associação de Pequenos Produtores e Amigos da Gameleira, a produtora rural, Agnes Cristina Painal Barbosa Candido, deixou a cidade e migrou para o campo em busca de oportunidades e também para unir a família. Mãe de três filhos, ela prioriza a educação e assume o papel de gestora da pequena propriedade de apenas 10 hectares, ficando ao lado do seu esposo, Janderson Candido, presidente da associação.

“Eu vim da cidade para a zona rural, assim que casei com meu esposo, há 12 anos, porque este era um sonho dele, uma vez que ele sempre trabalhou com isso. No começo, a adaptação foi muito difícil, depois eu aprendi a tomar gosto pela terra e hoje em dia eu me sinto muito bem. É muito prazeroso”, afirma Agnes que nasceu em São Paulo e morou a vida toda em Campo Grande.

Agnes relata sua rotina diária na propriedade que aos poucos vem crescendo e aumentando a produção, com qualidade. “Meu marido vai lá e tira o leite. Comigo fica a parte da higiene do material, e o queijo, além de administrar a chácara e a parte de vendas. Eu gerencio a atividade”.

Além disso, Agnes é secretária da Associação e tem literalmente nas mãos o controle das atividades da instituição que reúne 65 famílias. “Como secretária da Associação, eu faço o contato direto com a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Sedesc) e com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS). Toda a documentação sou eu quem manipulo, inclusive com o recebimento dos documentos dos tratores. Levanto tudo e repasso para o presidente (Janderson) dar o aval dele e, em seguida, eu faço o encaminhamento para a Agraer”.

Das dificuldades do campo e de associar a vida pessoal com a profissional, Agnes pontua o que a faz feliz. “A gente tem que rebolar um pouquinho para dar conta de tudo, mas a melhor parte é ser mãe, ficar com eles. Quando eles vêm para a chácara, no final de semana, é muito gostoso ver a interação com os animais. A parte daqueles aqui é o lazer. Eles vão ter que gostar disso aqui, porque é o futuro deles”.

Há um ano, a Associação foi beneficiada com a entrega de maquinários do Governo do Estado e, a partir de então, o desempenho das propriedades vem registrando um salto de produção. “A patrulha mecânica da Agraer veio para somar! Foi bom porque o pessoal estava muito desmotivado. Para você ter um ganho na parte da agricultura familiar já é meio complicado, a gente tem que trabalhar muito. Aí se você tiver que disponibilizar um dinheiro que era para comprar alimentação de um animal ou fazer uma plantação para pagar um tratorista, com isso, o pessoal estava muito desmotivado e, hoje, com a patrulha eles trabalham com o sorriso no rosto”.

Amor pelo Agro

São perfis diferentes, mas em comum, Dora e Agnes declaram seu amor pelo campo e a força feminina no desenvolvimento do setor e na superação dos obstáculos. Sobre a vida no campo, Agnes ressalta: “É uma mudança de vida. Às vezes estamos na cidade e as coisas são bem mais difíceis, diferente da dificuldade no campo, aqui batalhamos mais, mas quando seu projeto decola, é gratificante. É uma qualidade de vida diferente”.

Dora aconselha às mulheres que estão ou que desejam entrar no agro, resiliência e dedicação: “É uma batalha árdua, mas a primeira coisa que eu vejo como fundamental, é buscar o conhecimento, ter uma equipe coesa, capacitada, confiar no instinto. Faça do agro o seu mundo e não tenha medo”.

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