O Brasil já foi um país rural. Com a industrialização das grandes cidades e as imensuráveis dificuldades na roça, principalmente com a mecanização das atividades agrícolas, impossibilitando os pequenos a ter acesso as modernizações, os lucros caíram e as pessoas buscaram as cidades na esperança de prosperar e mudar de vida.
A isso, deu-se o nome de êxodo rural. Entre as décadas de 1960 a 1980, segundo a Embrapa verificou-se o pico desse fenômeno.
Nós brasileiros sabemos os efeitos positivos e negativos do êxodo rural. Não vou aprofundar nessas questões, mas destacar o fenômeno inverso.
Hoje, ouço muita gente dizer que vai deixar a cidade para viver na roça. Na prática vejo muitas famílias que já foram para a zona rural.
Em centenas de cidades, em outros países ao redor do mundo, pessoas estão fazendo este caminho. Alguns em processo de transição, continuando suas atividades urbanas de forma remota. Outras indo de vez. Com a Pandemia, em alguns países esse número chega a 40%.
Infelizmente, ouve um tempo em que o substantivo feminino “roça” foi desdenhado, estigmatizado, sofreu uma carga de preconceito. Então surgiu a nomenclatura “Agricultura Familiar”, para identificar o pequeno produtor e “Agronegócio” para identificar os grandes produtores.
A inovação tecnológica, fez de nosso setor agrícola um dos pilares de sustentação da economia do País. Os negócios são feitos, geralmente por meio de Commdite, que significa mercadorias em estado bruto, inclusive negociados nas bolsas de Valores com compromisso de compra e venda futura.
Seja como for, a correria e a poluição presente nos grandes centros e até mesmo em cidades de porte médio, tem levado muitas pessoas a estados depressivos e outros efeitos nocivos dos grandes centros. Em busca de melhor qualidade de vida, famílias inteiras têm deixado as cidades para viver na roça.
Essa é uma decisão, no entanto, que exige planejamento para evitar dificuldades de adaptação e meios de sobrevivência. Por outro lado, não deixa de ser um fenômeno, pois o êxodo rural, parecia nunca se confrontar com o efeito inverso. Isso parece muito bom, mesmo porque, a roça de hoje tem energia elétrica, internet e estradas de acesso. A integração do campo com a cidade por meio da tecnologia está mudando o contexto rural.
Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.