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Heitor Honda: “A realidade que presenciei na África é algo impactante”

Nova-andradinense relata experiência de trabalho voluntário realizado durante missão em uma das áreas mais pobres do mundo

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Voluntário de Nova Andradina participou de missão em uma das regiões mais carentes do planeta - Imagem: Divulgação

O nova-andradinense José Heitor de Almeida Camargo Honda, de 40 anos, que esteve recentemente na África participando da Missão Andrews - instituto de missões e desenvolvimento humano, que busca, através do voluntariado, atender regiões remotas e de baixo recurso no Brasil e em outros países do mundo - relatou que a realidade presenciada em uma das regiões mais pobres do mundo é algo impactante.

“Indo para uma área tão pobre, onde tudo é precário, a gente aprende a dar valor até mesmo às pequenas coisas. Elementos que, na correria das nossas vidas, passam sem ser percebidos acabam tomando uma nova dimensão”, explicou Heitor, que saiu em missão para a Ilha de Bubaque, Província de Guiné Bissal, na região norte da África no dia 29 de dezembro de 2019 e retornou em 15 de janeiro de 2020.

Honda explicou que a população daquela localidade vive em uma situação muito delicada. “Lá não existe educação nem saúde públicas. A falta de recursos é tamanha que os pais precisam decidir entre mandar os filhos para a escola ou comprar alimentos, pois o orçamento familiar não permite as duas coisas”, relatou.

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Missionários lotavam barco para chegarem às ilhas onde o trabalho era realizado - Imagem: Divulgação

O nova-andradinense explicou que aquela população se alimenta basicamente de arroz e peixe e também, dentro do que é possível, os moradores criam porcos e carneiros para consumo e para ofertas durante seus ritos. Ele disse que o choque cultural e religioso é inevitável; “Os costumes e tradições são muito diferentes. Os alimentos são colocados em gamelas no chão e todos pegam com as próprias mãos suas porções. Outro aspecto que chama atenção é que nome de Jesus Cristo por lá é novidade”, revelou.

Heitor contou que além das diferenças culturais e religiosas, momentos de tensão também marcaram sua missão. “Na ida, passamos por Marrocos, onde, por lei, a Bíblia Sagrada é proibida. Nosso grupo de missionários passou por lá com 300 exemplares. Isso foi um grande milagre. Poderíamos ter sido presos”, afirmou.

“Chegamos bem na virada do ano em Guiné Bissal, momento em que seria anunciado o resultado das eleições presidenciais. Em uma região marcada por golpes de estado, o anúncio do novo presidente poderia deflagrar uma guerra civil. Havia tanques da Organização das Nações Unidas (ONU) posicionados para qualquer eventualidade. Foi muito tenso”, disse Honda.

Outro episódio que chamou a atenção foi quando os missionários visitaram a Ilha Soga. “Chegamos em meio a um velório. As duas esposas do morto estavam chorando e havia uma cova preparada dentro da casa, pois lá, costume enterrar os defuntos no interior das moradias. Falamos de Jesus e alguns aceitaram nossa mensagem, porém, outros, não reagiram tão bem. Ficamos uma semana nesta ilha. Por fim, tudo correu bem”, comemorou.

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Heitor diz que apesar das dificuldades, povo sabe ser carinhoso e sempre busca motivos para sorrir - Imagem: Divulgação

O grupo de missionários também passou por maus bocados nos deslocamentos de barco de uma ilha para outra. “Enfrentamos marés muito violentas. Em alguns momentos achamos que a embarcação iria virar. O sol também era muito forte. Já em terra, longas eram as caminhadas para chegarmos até as aldeias levando os donativos”.

Heitor conta que na região onde a missão foi desenvolvida, os moradores temem muito o deus Irã. “Crianças são consagradas a esse deus desde o nascimento. O sinal desta consagração é um cordão. Após nossa mensagem, muitos aceitaram a Jesus e se desfizeram dos cordões, renunciando a esta crença pagã”, afirmou Honda.

O voluntário nova-andradinense também disse que o alojamento dos voluntários era algo muito simples. “A gente tomava banho de caneca, o banheiro não tinha porta e a energia, produzida por um gerador, era fornecida das 19h às 03h. A água era racionada. Cada um tinha acesso a apenas três litros por dia para matar a sede e escovar os dentes”.

Nas palavras de Heitor, apesar das privações, momentos de tensão e demais desafios enfrentados, participar da Missão Andrews valeu muito a pena. “A equipe fez muitos atendimentos humanitários, médicos, odontológicos e educacionais, bem como as doações em medicamentos e chinelos foram muito importantes. Eu trabalhei muito com as crianças aspectos como educação e espiritualidade e fiquei comovido com a alegria daquele povo que, mesmo em meio a tanta pobreza, encontra motivos para sorrir e nos tratar com tanto carinho”.

O representante de Nova Andradina foi tão bem sucedido em sua tarefa, que ganhou o status de missionário destaque, sendo reconhecido como uma espécie de liderança. A eleição é realizada com a participação dos demais membros da missão e também de moradores e o título é simbolizado com um cajado.

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Cajado simboliza reconhecimento dos demais missionários e também dos moradores - Imagem: Divulgação

Heitor disse que foi tão bom participar da missão, que pretende repetir a dose ano que vem. 

“Agradeço a população de Nova Andradina pela ajuda e pelas doações em dinheiro, remédios e chinelos. Se Deus quiser, estarei de volta àquela região para me dedicar um pouco mais às pessoas que vivem lá”, garantiu.

Segundo ele, alguns missionários seguem na ilha atuando na capacitação de 500 professores, uma vez que, a Missão Andrews realiza, naquela localidade, a construção de uma escola. “O intuito é investir nas crianças para que a longo prazo a gente ver os resultados”, explica.

Honda aproveitou a oportunidade para pedir à população de Nova Andradina e região doações em dinheiro, que serão utilizadas na construção da unidade educacional e também no gerenciamento da mensalidade anual de crianças e adolescentes que ingressaram no meio universitário.

“Quem quiser adotar um aluno, o custo é de US$ 100 por ano. Tanto esta adoção, quanto as contribuições para a construção da escola, podem ser efetuadas no Banco Bradesco, agência 1387, conta corrente 10742-5, em nome de UCOB Missão Andrews, CNPJ 07.121.135/0003-16.

Imagens: Divulgação

A missão

A Missão Andrews teve sua fundação em 2016 e está associada à Igreja Adventista do Sétimo Dia. No ano de 2019 realizou uma expedição com mais de 30 voluntários para o Pantanal de Mato Grosso, aonde realizou atendimento médico e assistencial a famílias ribeirinhas em um raio de mais de 200 quilômetros.

Ela possui um vínculo direto com a Associação Sul-mato-grossense da Igreja Adventista do Sétimo Dia, tendo suas finanças todas administradas pela tesouraria da instituição. Pessoas interessadas em saber mais sobre a Missão Andrews podem conferir o trabalho pelo Facebook, Instagram e também no site

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