Publicado em 24/06/2025 às 16:27, Atualizado em 24/06/2025 às 19:31

"Irã, armas nucleares e a ameaça real à civilização ocidental", por Sargento Betânia

Sargento Betânia , Especialista em Segurança Pública
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Imagem: Divulgação

O recente ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã não é um ato isolado, tampouco fruto de arbitrariedade imperialista, como alguns insistem em propagar. Trata-se de uma ação que responde diretamente a uma ameaça concreta, persistente e gravíssima à segurança internacional, à estabilidade do Oriente Médio e, especialmente, à própria existência do Estado de Israel — além de representar um alerta fundamental à comunidade ocidental.

O Irã, desde a Revolução Islâmica de 1979, transformou-se em uma teocracia xiita, onde líderes religiosos — os aiatolás — detêm poder absoluto, subordinando a estrutura do Estado aos ditames da interpretação mais rígida e radical do Islã xiita. Nesse regime, inexiste a separação entre religião e Estado, fato que compromete profundamente princípios universais como liberdade individual, democracia, soberania popular e direitos humanos.

O sistema jurídico iraniano é baseado na sharia (lei islâmica), aplicada com rigor extremo. As mulheres são submetidas a um dos mais cruéis sistemas de opressão do mundo contemporâneo: são obrigadas ao uso do hijab (lenço que cobre os cabelos) sob pena de prisão, açoites ou, em casos extremos, morte. São impedidas de exercer plenamente sua cidadania, limitadas no mercado de trabalho, na política e até na condução de seus próprios corpos e escolhas. Manifestações, como as que ocorreram após a morte da jovem Mahsa Amini, em 2022 — presa e torturada pela “polícia dos costumes” por supostamente não utilizar corretamente o véu — foram brutalmente reprimidas, resultando em centenas de mortos, milhares de prisões e tortura institucionalizada.

Não bastasse a opressão contra seu próprio povo, o Irã tornou-se, nas últimas quatro décadas, o maior financiador estatal de organizações terroristas no mundo. Diversos relatórios da CIA, do Departamento de Estado Americano e da ONU documentam o apoio financeiro, logístico e bélico oferecido pelo regime iraniano a grupos como Hezbollah (no Líbano), Houthis (no Iêmen), Jihad Islâmica Palestina, milícias xiitas no Iraque e na Síria e, especialmente, o Hamas, que atua na Faixa de Gaza.

E a ameaça não é teórica. No dia 7 de outubro de 2023, o mundo testemunhou um dos mais brutais, covardes e desumanos atentados terroristas da história recente, promovido pelo Hamas contra o território de Israel. Naquela madrugada, milhares de foguetes foram lançados contra civis israelenses, enquanto terroristas armados invadiam comunidades, kibutzim, vilarejos e até locais onde ocorria um festival de música. O saldo foi mais de 1.200 pessoas assassinadas, incluindo crianças, idosos, mulheres, bebês e pessoas de diversas nacionalidades — entre elas brasileiros.

As cenas foram absolutamente estarrecedoras: famílias inteiras foram torturadas antes de serem assassinadas, corpos queimados, mulheres estupradas e brutalmente assassinadas, bebês degolados, idosos executados, e centenas de pessoas sequestradas, levadas como reféns para os túneis subterrâneos do Hamas na Faixa de Gaza. E o mais cruel: até hoje, muitos desses reféns continuam em cativeiro, privados de sua liberdade, separados de seus familiares, inclusive cidadãos brasileiros. O corpo de um desses reféns brasileiros, morto em cativeiro, foi recuperado apenas em maio deste ano.

Essas ações não foram isoladas. Foram planejadas, financiadas e, segundo investigações internacionais, contaram com apoio logístico, treinamento e financiamento direto do Irã.

A retórica do regime iraniano é, abertamente, antiocidental e antissemita. Líderes do país já declararam inúmeras vezes que “Israel deve ser apagado do mapa”, expressão dita, entre outros, pelo aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. Mais do que discurso, essas ameaças se materializam no constante desenvolvimento de mísseis balísticos, na expansão de seus programas nucleares e no suporte direto a ataques contra alvos israelenses, judeus e, não raro, interesses americanos e europeus ao redor do mundo.

Diante desse cenário, o desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã transcende uma disputa regional. Trata-se de uma ameaça direta à segurança internacional, à existência do Estado de Israel e à própria civilização ocidental. Permitir que um regime teocrático, totalitário, que persegue mulheres, oprime minorias religiosas, censura seu próprio povo e financia organizações terroristas que assassinam civis inocentes, detenha a bomba atômica, é um risco que nenhuma nação civilizada, comprometida com os direitos humanos, pode aceitar.

Israel, nesse contexto, não luta apenas por sua segurança, mas pela sua própria existência. Um Irã nuclearizado significa colocar o povo judeu — que já sofreu historicamente com perseguições, massacres e o Holocausto — novamente sob ameaça de extermínio, desta vez, não apenas pela retórica, mas por meios militares concretos.

Do mesmo modo, o Ocidente não está imune. Um Irã armado nuclearmente desestabiliza o equilíbrio de forças, rompe com a lógica de contenção militar e poderá desencadear uma corrida armamentista no Oriente Médio, com consequências globais, inclusive o risco de proliferação nuclear para atores não estatais, como grupos terroristas.

Portanto, o ataque dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã é uma ação de contenção necessária, legítima e alinhada não apenas à defesa dos interesses de Israel, mas da própria segurança do mundo livre. É, antes de tudo, uma mensagem clara de que a civilização ocidental não aceitará ser chantageada, intimidada ou ameaçada por regimes que pregam a intolerância, a opressão e a destruição de seus valores.

A história já ensinou, a duras penas, que a omissão diante de tiranias não gera paz — gera tragédias.