Publicado em 06/04/2022 às 07:15, Atualizado em 06/04/2022 às 11:20
Jovem nasceu à margem da rodovia MS-134, na região conhecida como ‘Quebra Carcaça’, e tinha o sonho de conhecer o policial que a ajudou a vir ao mundo
No dia 29/03/2022, o Nova News levou a público a história de Katieli Miranda Silva, de 20 anos, residente no Assentamento Aldeia, em Bataguassu, que nasceu em 14/11/2001 à margem da rodovia MS-134, entre Nova Casa Verde e Nova Andradina, tendo seu parto sido feito por um militar que atuava em uma barreira policial naquela ocasião.
Segundo Katiele, que ficou órfã de mãe em 2011, um de seus sonhos era descobrir quem era o policial que fez o parto e, quem sabe, poder conhecê-lo pessoalmente.
Logo após a publicação da matéria, o Nova News começou a receber inúmeros contatos com informações, sendo apurado que o referido militar se tratava do Cabo PM Roberto Douglas Mendonça de Souza, que, infelizmente, morreu em 2006, na Capital do Estado, Campo Grande, vítima de um disparo de arma de fogo, aos 36 anos.
Conforme já relatado em matéria anterior, no dia 14/11/2001, a mãe de Katiele, Raquel Fagundes da Silva, residente no Assentamento Santa Clara, também em Bataguassu, e que estava gestante de sete meses, começou a passar mal.
O pai de Katiele, Jaime Miranda, foi até o sítio de um vizinho para ver se ele poderia transportá-la até Nova Andradina, que é a cidade mais próxima, embora a moradia ficasse em território pertencente a Bataguassu, mas o carro do amigo não funcionou.
Desesperado, Jaime foi até a estrada e conseguiu interceptar um homem em uma caminhonete que trabalhava na coleta de tambores de leite das propriedades rurais daquela região e, mesmo com os documentos do veículo em atraso, o leiteiro aceitou socorrê-la até Nova Andradina.
Ao trafegar pelo trecho da MS-134, entre Nova Casa Verde e Nova Andradina, na região conhecida como ‘Quebra Carcaça’, eles se depararam com a barreira da Polícia Militar Rodoviária (PMR) e, naquele momento, Raquel começou a sentir-se pior, gritando de dor.
O Cabo PM Mendonça, ao perceber a situação e verificar que a mulher estava em trabalho de parto, decidiu ajudar, sendo que, Katiele nasceu ali mesmo, à margem da MS-134, entre Nova Casa Verde e Nova Andradina, fato que, inclusive, consta em seu registro de nascimento.
Foi apurado também pelo Nova News que, além do Cabo PM Mendonça, a guarnição naquele dia era composta também pelo Sargento PM Gilmar Batista dos Santos e o Soldado PM Francisco de Assis Quirino da Silva.
“Quem fez o parto foi o saudoso Mendonça e, inclusive, o canivete usado para cortar o cordão umbilical foi o meu”, revelou Quirino, que atualmente mora no interior do estado de São Paulo, e que concedeu entrevista via WhatsApp ao Nova News.
Quirino também confirmou as informações relatadas pela família de Katiele e afirmou que se lembra perfeitamente daquele dia. “É bom ver aquele bebezinho tão pequeno e frágil se desenvolveu, hoje é uma moça com 20 anos e que teve esse desejo de saber que fez seu parto. É uma história especial com certeza”, disse ele.
O Sargento PM Gilmar Batista dos Santos, que mora no município de Naviraí, também foi localizado pelo Nova News e disse, via WhatsApp, se lembrar daquele dia. “Nos deparamos com aquela situação da mulher já em trabalho de parto. Achamos que o Mendonça era o mais preparado e ele acabou, de fato, fazendo o parto ali mesmo, pois não havia tempo para um deslocamento até a cidade”, conta ele.
Eles confirmaram que, logo após o nascimento, mãe e filha foram encaminhadas na própria viatura policial até o antigo Hospital Santa Helena, em Nova Andradina, onde foram entregues aos cuidados médicos.
Segundo relato de Quirino, o policial Mendonça, após deixá-las na unidade hospitalar, retornou ao local da barreira contando que o médico que estava de plantão naquele dia havia elogiado a atuação dos policiais. “O doutor disse que o ‘serviço’ foi bem feito e que mãe e filha não correm riscos”, teria dito Mendonça aos companheiros.
Após aquele dia 14/11/2021, Katiele ou sua família não tiveram mais nenhum tipo de contato com os policiais que atuaram em seu parto. A mãe dela faleceu em 2011, mas ela disse que sempre ouviu da família a história sobre seu nascimento e, agora, aos 20 anos, como já informado pelo Nova News em matéria anterior, cresceu na jovem o desejo de saber mais sobre o assunto.
Comunicada sobre os resultados das apurações realizadas pela reportagem, Katiele lamentou a morte do policial Mendonça, uma vez que seu desejo era de poder conhecê-lo pessoalmente e agradecer pelo que ele fez, mas, por outro lado, ficou feliz pela localização dos outros dois policiais que presenciaram seu nascimento naquelas circunstâncias e que tiveram também colaborações importantes para que mãe e filha fossem socorridas.
De forma simultânea à publicação desta matéria, o Nova News repassou os contatos dos policiais Francisco de Assis Quirino da Silva e Gilmar Batista dos Santos para Katiele, bem como o dela para eles, a fim de haja a possibilidade de comunicação e, quem sabe, no futuro, possam marcar um momento para um encontro presencial.
"É um misto de alegria e tristeza. Alegria por conseguir resgatar essa parte da minha história e tristeza por saber que não vou conhecer o policial que fez meu parto, mas, de todo modo, agradeço muito a todos os leitores do Nova News que contribuíram com informações que nos levaram à identificação dos militares, pois, não tínhamos quase informação nenhuma sobre eles", disse Katiele.
Com relação ao policial militar Roberto Douglas Mendonça de Souza, vale destacar que ele morreu em 2006 como cabo, mas que, segundo a Assessoria de Comunicação da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, foi promovido post mortem à patente de 3º Sargento.
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