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"O Narcoestado funcional: quem dita as leis agora é o fuzil", Por Sargento Betânia

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Imagem: Divulgação

Se o governo não entra e a polícia não manda, quem está no comando? Spoiler: não é o Estado.

As fronteiras estão escancaradas, as rotas do tráfico seguem firmes, e o verdadeiro poder já não atende por “República Federativa”. Hoje, em vastas regiões do país, quem governa é o tráfico. São as facções que controlam bairros inteiros, organizam julgamentos, impõem toques de recolher e até oferecem “benefícios sociais” — um pacote completo do que o Estado deveria garantir, mas não garante.

Enquanto a bandidagem opera com organização militar e mentalidade corporativa, a máquina pública se arrasta em burocracias, audiências de custódia e narrativas progressistas que tratam marginais como vítimas da sociedade. A polícia muitas vezes entra em comunidades apenas com ordem judicial e, quando consegue entrar, é recebida a bala. Já os criminosos, esses têm liberdade de ir e vir — e, pior, de impor.

O cidadão honesto? Continua sitiado, encurralado, negociando com a sorte todos os dias. Vive sob domínio territorial e psicológico de quem nunca prestou um concurso, mas que comanda mais que muito governador por aí. E ainda se tiver a audácia de se defender, será ele o processado. O criminoso é quem tem prioridade na agenda institucional.

Mais triste ainda é perceber que esse poder paralelo não se contenta mais com as periferias. Ele já subiu a rampa. O narcotráfico financia campanhas, influencia decisões, e flerta com a elite política, econômica e jurídica. Quando o Estado se ajoelha diante do fuzil, não é só o território que se perde — é a soberania inteira.

Mas o tráfico não chegou tão longe sozinho. Ele foi nutrido, protegido e pavimentado por décadas de corrupção sistêmica. Na próxima coluna, vamos tratar da cleptocracia brasileira — onde quem deveria combater o crime, muitas vezes, apenas o veste de terno.

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