Publicado em 07/02/2024 às 06:00, Atualizado em 07/02/2024 às 22:05
Em um cursinho preparatório para o Enem, é fácil perceber quais são os alunos que desejam fazer a prova para seguir carreira como médico veterinário. A paixão por animais, a aptidão pela área da saúde e a empatia costumam ser características marcantes desses estudantes que, quando formados, podem atuar em diferentes frentes para garantir o bem-estar de diversas espécies.
Engana-se quem pensa que os veterinários são importantes apenas para a manutenção da vida dos animais. Os profissionais também podem atuar no controle de zoonoses e em outras ações fundamentais para a saúde dos seres humanos.
Dessa forma, são profissionais considerados essenciais para a promoção da saúde pública e, também, da chamada “saúde única”, uma abordagem global multissetorial, transdisciplinar e integrada que busca equilibrar e otimizar a saúde de pessoas, animais e ecossistemas, lançada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
Controle, prevenção e diagnóstico de zoonoses
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o Brasil tem a segunda maior população de cães, gatos e aves canoras ornamentais do mundo e é o terceiro país com mais animais de estimação. Os dados corroboram a demanda por profissionais da Medicina Veterinária no território nacional.
Os cursos universitários voltados para a área são bastante procurados em vestibulares. Os estudantes interessados podem usar a nota do enem para tentar vagas em instituições públicas e privadas. A graduação passa por uma série de temas que se relacionam diretamente com a saúde e o bem-estar dos seres humanos.
Para se ter uma ideia, os médicos veterinários são reconhecidos como profissionais de saúde pública pelo Conselho Nacional de Saúde (Resolução 287/1998) e pelo próprio Ministério da Saúde (Portaria 639/2020), sendo agentes fundamentais no Sistema Único de Saúde (SUS).
Isso acontece porque no SUS, os veterinários, com os conhecimentos técnicos, auxiliam na prevenção, no controle e no diagnóstico de zoonoses, nome dado para doenças infecciosas transmitidas entre animais e humanos.
De acordo com a OMS, mais de 60% das doenças infecciosas têm origem em animais. Entre as mais conhecidas, estão: raiva, leptospirose, tuberculose, dengue, gripe aviária e febre-amarela.
Assistência no controle de produtos de origem animal
Além das zoonoses, a medicina veterinária também desempenha papel importante na segurança alimentar. Os profissionais também prestam assistência técnico-sanitária, garantindo a qualidade dos alimentos de origem animal.
O controle de resíduos e medicamentos em produtos de origem animal, como carne, leite e ovos, protege a saúde pública e evita riscos de uma série de doenças transmitidas por alimentos, que podem ter consequências graves para os seres humanos.
Ao trabalhar em prol da saúde e bem-estar dos animais e dos humanos, os médicos veterinários contribuem para o meio ambiente. Isso porque a sustentabilidade ambiental é outra área que os profissionais podem influenciar ao fazerem o manejo adequado de resíduos animais, o uso responsável de recursos naturais na produção animal e a conservação da biodiversidade.
Vigilâncias epidemiológicas
Outra área que reforça a importância dos médicos veterinários para a saúde pública é a atuação no controle de situações de emergência, especialmente, nas vigilâncias epidemiológicas.
Durante o curso de graduação e especialização, os profissionais adquirem conhecimentos que beneficiam os estudos na área da epidemiologia e a pesquisa científica. Em momentos emergenciais, podem ajudar a entender a dinâmica da transmissão de doenças, auxiliar na eficácia de novas vacinas e na resistência delas aos organismos, como destaca o Centro Universitário Central Paulista (UNICEP).
Com tamanha importância para a saúde pública, o salário de veterinário é estabelecido na Lei nº 4.950-A, de 1966, de seis vezes o salário mínimo vigente para uma jornada de seis horas diárias. No entanto, há um Projeto de Lei, em análise na Câmara dos Deputados, que estabelece o piso salarial de R$ 6 mil para os médicos veterinários que atuam em jornada de 30 horas semanais.