Nove anos depois de enfrentarem a acusação de torturarem um adolescente de 16 anos até a morte na cidade de Anaurilândia, em 2014, dois policiais militares foram presos, nas últimas semanas, e encaminhados para o Presídio Militar Estadual, que fica em Campo Grande. Eles foram condenados por prevaricação e falsidade ideológica. Um terceiro policial ainda recorre da decisão.
Conforme noticiado na época pelo Nova News, Bruno Gabriel Olavo da Silva, de 16 anos, morreu durante uma operação realizada pela Polícia Militar, após passar mal na Delegacia de Polícia de Anaurilândia, para onde foi conduzido depois de ser apreendido. Ele era suspeito de atuar no furto de motocicletas naquela região e já teria várias passagens pela polícia.
Após obter informações de que vários jovens suspeitos de praticar furtos de motos estavam na cidade, a Polícia Militar de Anaurilândia iniciou patrulhamento até que localizou, perseguiu e deteve Bruno Gabriel.
Na unidade policial, ele começou a passar mal, sendo encaminhado para o Hospital Sagrado Coração de Jesus, onde foi constatado o óbito.
Segundo familiares, várias marcas que apareceram no corpo do rapaz e que foram registradas pelos parentes com uma câmera digital no momento do velório, reforçam a suspeita de que Bruno Gabriel não teria morrido de causas naturais.
Nas fotos, cedidas pela família ao Nova News na época, era possível observar o corpo do rapaz com hematomas em uma das orelhas, em um dos olhos, no nariz, na boca, nos braços e pernas.
Mesmo sem prova documental, a família disse que uma das mãos do menor estaria quebrada. Para reforçar esta alegação, eles apresentaram, também na época, uma foto do velório, em que o membro aparentava estar bastante deformado.
O atestado de óbito de Bruno Gabriel, ao qual o Nova News também teve acesso, apontava a causa da morte como Hemorragia Interna Aguda, Choque Hipovolêmico, Trauma Abdominal Fechado e Ação Contundente, o que, na opinião da família, reforçaria as suspeitas de violência.
Em 2014, além de ouvir a família do adolescente, o site também manteve contato com Polícia Militar, Polícia Civil, Conselho Tutelar e Ministério Público, porém, como a vítima era menor de 18 anos e a investigação estava apenas no início, esses órgãos preferiram não se pronunciar. O médico que atendeu Bruno Gabriel também foi procurado, mas disse que só falaria do caso perante a Justiça.
Os policiais militares acabaram sendo denunciados por torturarem o adolescente, sendo presos de forma preventiva, porém, posteriormente, acabaram absolvidos.
Prevaricação e falsidade ideológica*
Os três policiais envolvidos foram condenados, na verdade, em outro processo, pelos crimes de prevaricação e falsidade ideológica, por, em tese, omitirem informações sobre a suposta motivação da operação policial que resultou na morte de Bruno.
Em 2015, eles foram absolvidos pelo juiz da Auditoria Militar, porém, o Ministério Público recorreu e o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul os condenou.
A defesa dos policiais foi até o Supremo Tribunal Federal, mas as sentenças para dois deles foram mantidas. Um terceiro policial ainda recorre. (*Com informações do Campo Grande News).
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