Em meio ao clima tenso sobre proteção às mulheres vítimas de violência após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, 42, que procurou apoio policial momentos antes do crime, em Campo Grande, a PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) estuda reformulação no sistema. Mesmo com o Promuse (Programa Mulher Segura), que sofreu mudanças de equipe esta semana, a ideia seria um batalhão específico para atender a demanda.
Vanessa foi assassinada pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, no dia 12 de fevereiro, na casa onde morava, no Bairro São Francisco. Momentos antes de ser morta, ela procurou a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) e pediu medida protetiva. Saiu de lá sem qualquer escolta ou proteção.
Após o feminicídio, a polícia, de modo geral, passou a receber críticas em relação ao atendimento prestado à jornalista. O caso repercutiu nacionalmente e acabou gerando investigação sobre o atendimento ofertado para Vanessa. A Deam também passou a ter um grupo para analisar quase seis mil boletins de ocorrência registrados que não resultaram em instauração de procedimento ou que possuem pendência.
Em meio ao tema, a PMMS também sofreu mudanças esta semana. Quatro policiais foram redesignados para outras unidades e outros passaram a integrar o Promuse. Coincidência ou não, a ação, segundo a subcomandante-geral da PM, coronel Neidy Barbosa Centurião, se trata apenas de algo de praxe.
"As alterações são para atender as necessidades da instituição e assegurar o efetivo necessário. Esses atos são previamente acertados entre os policiais militares, junto aos respectivos comandantes/diretores/chefes", diz a PM.
A coronel revelou ao Campo Grande News que planeja criar um batalhão somente para atender casos de violência doméstica. Plano que pode ser concretizado ainda este ano e que já está nas mãos da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública). "Nossa maior demanda hoje, da PM, são casos de violência doméstica, além de serem prioritários", comentou Neidy. Contudo, é preciso ainda dotação orçamentária e remanejamento de policiais.
Esta semana, o Campo Grande News conversou com uma das policiais que integravam o Promuse e também foi transferida de unidade. Antes, na publicação do Diário Oficial do Estado, a justificativa seria "interesse próprio". Mas, a PM reafirmou que a transferência se trata de apenas algo comum dentro da corporação.
O Programa Mulher Segura atua em todas as cidades de MS, coordenada no Comando-Geral, por meio da Diretoria de Polícia Comunitária e Direitos Humanos. Nos últimos dois anos, foram 735 policiais militares capacitados para atuar no Promuse.
"Por meio das equipes operacionais, realiza o monitoramento e proteção das mulheres em situação de violência doméstica, com visitas técnicas e acompanhamento do cumprimento das Medidas Protetivas de Urgência concedidas, com informações do Poder Judiciário", diz nota da PM. Em Dourados e Amambai há a atuação do Promuse Indígena.
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