Publicado em 16/01/2025 às 07:52, Atualizado em 16/01/2025 às 12:06

Polícia Federal vai investigar divulgação de informações falsas sobre Pix

Fake news sobre uma suposta taxação da modalidade de pagamento tomaram as redes sociais nos últimos dias

R7,
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Imagem: SINPF-SP

A Polícia Federal vai abrir um inquérito para investigar a divulgação de informações falsas sobre uma suposta taxação do Pix. A AGU (Advocacia-Geral da União) vai notificar a PF  para a abertura da apuração. Devido à proporção que as informações falsas sobre o Pix tomaram nos últimos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alterou a agenda desta quarta-feira (15) e convocou uma reunião, não prevista inicialmente, para discutir o assunto.

O petista chamou ao Palácio do Planalto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas. O anúncio da abertura de inquérito foi feito a jornalistas após o encontro com o presidente.

Messias informou que a investigação da PF vai “identificar todos os atores que geraram esse caos nas redes sociais”. “Identificamos crimes contra a economia popular e também crimes usando logomarcas do governo federal. Por isso, estamos pedindo à Polícia Federal que abra inquérito”, afirmou.

Segundo o ministro, também foram identificadas práticas abusivas nas relações de consumo. “Portanto, estamos também notificando a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), para investigar crimes relacionados ao consumo e atuar em parceria com os Procons estaduais para dar informações corretas em campanhas”, acrescentou Messias.

Receita revoga ato

Com a publicação das fake news, a Receita Federal revogou a norma que incluiu transações feitas por Pix na fiscalização do órgão. A medida foi informada pelo secretário Barreirinhas nesta quarta (15). O ato normativo, que entrou em vigor no início deste ano, previa que instituições financeiras deveriam informar à Receita movimentações que passassem de R$ 5.000 por mês, no caso de pessoas físicas, e R$ 15 mil, para pessoas jurídicas.

O governo federal tomou a decisão depois da avalanche de informações falsas. A norma da Receita não trata de tributos, mas impulsionou a divulgação de fake news por conta de mudanças nas regras de acompanhamento. Com a revogação, voltam a valer os valores mínimos previstos antes do ato — R$ 2.000 para pessoas físicas e R$ 6.000 para empresas.

Medida provisória

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participou da entrevista. Ele anunciou que Lula vai assinar uma medida provisória para reforçar os princípios da gratuidade do uso do Pix e do sigilo bancário dos usuários.

“É uma medida provisória que reforça os princípios tanto da não oneração, da gratuidade do uso do Pix, quanto de todas as cláusulas de sigilo bancário em torno do Pix, que foram dois objetos de exploração por parte dessas pessoas que estão, na nossa opinião, cometendo um crime”, disse Haddad.

Segundo o ministro, a medida vai equiparar o pagamento em Pix ao pagamento em dinheiro em espécie. De acordo com Haddad, uma pessoa que optar fazer um pagamento via Pix não vai poder ser cobrada a mais por isso.

O teto deve ser publicado ainda nas próximas horas, em edição extra do DOU (Diário Oficial da União). Uma medida provisória tem força de lei e passa a valer a partir do momento da publicação. Para não perder validade, ela precisa ser analisada e aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias.

Tanto a proteção dos dados quanto a não cobrança já valem desde o lançamento da modalidade. Com a MP, o Executivo quer apenas reforçar as informações, em meio às enxurradas de fake news sobre o Pix.

“A medida provisória garante a não tributação da utilização dessa forma de pagamento e o sigilo na forma da legislação aplicada. O sigilo bancário é aplicado ao Pix como a qualquer outra forma de pagamento, seja um cheque, um DOC, um TED, o que for, ele está protegido pelo sigilo, e o Pix estará protegido pelo sigilo da mesma maneira. Aliás, como sempre foi. É só uma ampliação, um reforço daquilo que já está na legislação, tornando mais claro que esses princípios estarão resguardados pela medida provisória”, acrescentou.