Publicado em 04/06/2022 às 12:34, Atualizado em 04/06/2022 às 16:35

“A escolha do vice no tabuleiro das eleições”, por Elizeu Gonçalves Muchon

Elizeu Gonçalves Muchon,
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Imagem: Arquivo

No nosso Mato Grosso do Sul, seis pré-candidatos ao Governo do Estado (André Puccinelli, Eduardo Riedel, Capitão Contar, Giselli Marques, Marcos Trad e Rose Modesto), já se declararam e já estão fazendo “campanha”, ainda que de maneira informal, pois somente depois das convenções e registros das candidaturas, as campanhas são autorizadas, porém, na prática, os postulantes ao Governo já estão em campanha e até os passarinhos sabem disso.

Cada um sabe o que faz, diante desse paradoxo, foram os próprios políticos que aprovaram uma legislação eleitoral prevendo 45 dias de campanha com o intuito de diminuir despesas, contudo, antecipam as campanhas em detrimento da Lei.

Segundo diversos cientistas políticos, a janela eleitoral estabelecida para o mês de março, é um dos fatores da antecipação. A polarização entre Lula e Bolsonaro seria outro, entretanto, a competitividade entre lideranças estaduais também tem peso nessa antecipação, sob o olhar de que “quem chega primeiro bebe água limpa.”

Evidentemente, que por outro lado, pode ocorrer um desgaste natural com a antecipação. Veja por exemplo, que nenhum dos candidatos ao Governo do MS ainda definiu o seu vice.

Isso porque, tal antecipação da campanha, demonstra que o entendimento entre os grupos não anda na mesma velocidade. Considerando que o vice, geralmente é escolhido para selar coligações, demonstra-se inequivocamente que as peças do tabuleiro ficarão inertes por mais um tempo.

Nos bastidores, perguntei para um pré-candidato ao Governo, porque essa antecipação? A princípio, ele respondeu que “quem não consegue morder não deve mostrar os dentes”, ou seja, é preciso coragem e determinação para entrar na briga, ainda que de forma antecipada, embora alguns devam sucumbir e ficar pelo caminho. Tem pré-candidatos que tiveram que se afastar de seus cargos para concorrer às eleições e já iniciaram uma caminhada, tendo como pretexto a discussão de um programa de governo. Outros, foram na mesma toada e na prática a campanha já está na rua à revelia do calendário eleitoral.

Mas, voltando na escolha do vice, esse é um tema que muita gente não presta atenção, todavia, não raro o vice precisa assumir. Aí não adianta lamentar se se tratar de persona não grata.

O Mesmo se aplica para os suplentes de Senadores. A eleição para o Senado é uma eleição majoritária. Cada candidato deve registrar dois suplentes. É como se fossem dois vices.

Para se ter uma noção, atualmente um terço dos Senadores são suplentes.

O mandato de um Senador é de oito anos, um colossal absurdo, uma mini ditadura. Certa vez um Senador me disse que “depois do céu, não existe lugar melhor do que no Senado Federal.

De uma coisa pode ter certeza, nenhum candidato ao Governo do Estado vai perguntar a você quem deverá ser seu vice, muito menos algum candidato ao Senado vai perguntar quem deverá ser seu primeiro e segundo suplentes.

Tudo faz parte de um jogo de entendimento que seja conveniente ao titular e não ao povo. Sempre foi assim e sempre será. Essa história de alinhamento democrático ou programático, é história pra boi dormir.

Aliás, essa história de vice é mesmo inusitada, eis que o tempo passou e Lula hoje tem como vice um ex-adversário, Alkmin. Realmente é uma junção inacreditável e situações assim podem ser esperadas no nosso MS.

De toda forma esse é o jogo político, em um País onde muita gente não lembra em quem votou pra Deputado na eleição passada, é pouco provável que vão se preocupar com vice ou suplente de Senador.

“E assim a vide segue, a gente vem logo atrás remando devagarinho, conforme está escrito, mas a caneta do livre arbítrio está em minhas mãos (e na sua). A decisão é minha (e sua).”

Elizeu Gonçalves Muchon

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