Em tempos de pandemia, com milhares de pessoas morrendo, filas de caixões em alguns cemitérios, com famílias contritas chorando seus mortos, é que a gente se põe a pensar. Para que ser a vaidade?
Talvez a vaidade seja o pecado capital de muitos. No fundo, porém, todos nós vamos morrer um dia. É o ciclo natural da vida.
Certo é, por outro lado, que esse vírus Chinês, buliu com a vida de muita gente. Em especial, aqui no Brasil, onde a base da pirâmide Social é larga. Milhares de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. Famílias se amontoam em pequenos casebres sem sequer ter comida para pôr na mesa. Claro que essa ajuda do Governo (600,00) por um período de três meses é importante.
Mas o drama das pessoas pobres é algo que faz qualquer um, não precisa ser sociólogo ou filósofo, mas qualquer um que tenha um mínimo de sensibilidade refletir sobre o valor da vida.
Quem tem boa condição financeira (oxalá todos tivessem), sofrem menos. Ficam no isolamento social com a geladeira cheia, casa grande e assiste séries na Netiflix. Já a senhorinha da “comunidade”, se espreme com um bocado de filhos. Seu horizonte é uma parede sem reboco. Entra noite e sai noite e o drama é o mesmo. Para botar a mão na ajuda do Governo, tem que enfrentar uma fila infernal na Caixa Econômica. Sabe que o futuro é tão inserto que cada dia é como uma batalha de alto risco.
Essa mesma “senhorinha”, que aqui representa milhares de pessoas nas mesmas condições, assiste a vaidade de alguns exalar. Pura hipocrisia. Vaidade fundamentada no desejo de que tais “qualidades” sejam reconhecidas pelos outros, encima da desgraça alheia.
Caso inequívoco dos que ostenta o Poder. O Presidente Bolsonaro, exibe sua vaidade desdenhando o poder letal do vírus. Ministros querem mandar mais que o Presidente. Governadores superfatura nas compras de respiradores. Artistas ganham dinheiro com exibições pela internet, com o pretexto de levar entretenimento para quem está isolado em casa.
O Vírus escancarou nossa ridícula fragilidade humana. Também mostra a fragilidade das instituições para montar uma organização de proteção à vida e de planejamento para retomada do crescimento no pós-pandemia.
De fato, é um impacto brutal, que coloca no mesmo balaio os problemas que já estavam em curso, com os problemas oriundos desse período negro protagonizado pela pandemia.
Notem o orgulho das grandes potências econômicas do mundo. Mesmo à mercê das consequências catastróficas, arrotam superioridade. Notem, igualmente a arrogância de poderosos brasileiros diante da crise.
Os pobres? Os negros? Os vulneráveis? Todos aqui representados por nossa personagem “senhorinha”, são os que mais morrem em razão do grave desequilíbrio que separa pobres e ricos.
Os pobres? São eles que ocupam favelas, sem água potável, expostos a mobilidade urbana, por meio de transportes coletivos e uns cem números de situações que os aproximam da contaminação e não raro das covas rasas e coletivas.
Lembrando o grande escritor José de Alencar: “Tudo passa pela face da terra”. Resta saber, quanto tempo vai demorar para passar e o que virá após esta tempestade. Por ora, não nos cabe outra coisa a não ser seguir as orientações das autoridades em saúde para evitar a proliferação do vírus.
Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista
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