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“Bancada da bala e gabinete do ódio”, por Elizeu Gonçalves Muchon

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Foto: Divulgação

Parece brincadeira mais não é. No Congresso Nacional tem a bancada da bala, do outro lado da rua, no Palácio do Planalto, tem um Gabinete denominado, “Gabinete do Ódio”.

Quando Bolsonaro deu a primeira entrevista, logo após o resultado oficial das eleições, o então Senador Magno Malta, fez uma oração de mãos dadas, dizendo que a Gestão de Bolsonaro teria a orientação de Deus. O Próprio Presidente chancelou dizendo: feliz é a nação cujo Deus é o Senhor.

Confesso que fiquei muito feliz em ouvir tal afirmação, pois entendo, com base em minhas convicções religiosas, que a orientação de Deus é indispensável para o êxito de qualquer missão.

No entanto, eis o paradoxo, estabeleceu-se ali um gabinete que recebeu a alcunha de “Gabinete do Ódio”. Cruzando a rua, na Câmara dos Deputados, uma bancada denominada “bancada da bala”.

Então pergunto: para que serve um Gabinete do ódio. Não deve ser para rezar. Não deve ser para buscar a união, agregar forças, ou regar o jardim da paz.

Estendo a pergunta: para que serve uma bancada da bala? Não deve ser para debater as espécies de flores para plantar no jardim da paz. Não deve ser para promover movimentos de união, paz, ou estratégias para salvar vidas.

Espero que seja uma coincidência, mas se meus leitores perceberam, o que se vê é o seguinte: Os Poderes não se entendem, ceifando qualquer possibilidade de união de esforços. “Lembra” uma Torre de Babel, ninguém fala a mesma língua

O senário fica ainda mais preocupante quando o Executivo Nacional e os Executivos Estaduais, leia-se Presidente da República e Governadores, declaram guerra todos os dias.

A crise do Coronavírus tem sido um motivo e um exemplo desse desalinhamento. Os Governadores adotam uma prática e um protocolo de ações de controle ao vírus, conforme orientação da OMS, o Presidente não concorda e o imbróglio está formado.

Já se fala em demissão do Ministro Mandeta. O tal gabinete do ódio avalia que o Ministro da Saúde, está aparecendo muito e poderá ganhar projeções políticas e ofuscar o Presidente. É inacreditável, mas é assim que os rumores vieram a público. A impressão que se dá é que o Governo é formado por pessoas estranhas ao Presidente. Se os Ministros fizerem um bom trabalho quem ganha é o povo, quem colhe os bons resultados é o Presidente, mas infelizmente não é assim que pensam os membros do Gabinete do ódio.

A preocupação aumenta, quando se constata que o Comitê da crise para monitoramento dos impactos do Covid – 19, está esvaziado e perdeu sua função consultiva, pelo fato de que o Presidente concentrou em si as decisões e os anúncios de medidas para auxiliar as pessoas afetadas economicamente, além de expressar suas opiniões sem levar em conta os critérios técnicos sobre a pandemia em curso.

É evidente que o Presidente precisa fazer valer sua autoridade, ao mesmo tempo, porém, precisa ter habilidade para liderar os que gravitam o poder, pessoas, aliás, escolhidas por ele mesmo. De toda forma, deve demitir Mandeta a qualquer momento, só não o fez ainda porque um grupo de empresários que apoiou o Presidente nas eleições, estão de acordo com o Ministro, pelo bom trabalho que faz, e ameaçam abandonar o Presidente.

Consequências do ódio. Não faz bem ao Governo.

Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista

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