Publicado em 15/04/2021 às 16:41, Atualizado em 15/04/2021 às 20:43
Time que tem torcida leva certa vantagem quando entra em campo.
Na política não é diferente. Lideranças que tem militância, levam larga vantagens nas disputas eleitorais e em quaisquer confrontos.
Essa história de CPI da Covid, tem deixado Bolsonaro irritado, levando-o a chutar o pau da barraca. Sabe ele, evidentemente, que a instalação dessa CPI vai investigar possíveis desmandos do Governo Federal, em especial a calamitosa gestão do ex-Ministro da Saúde o General Pazuello.
Na esteira dessa constatação, Bolsonaro quer que Estados e Municípios também sejam investigados. Quer ainda que o próprio STF também seja investigado, (alguns de seus Ministros).
Em tese, Bolsonaro chutou o pau da barraca para motivar seus militantes que estavam quietos desde a demissão de Ernesto Araújo, (um desastre para diplomacia brasileira, mas queridinho de seus seguidores).
Eis que, nesse aspecto, e com ressalvas, penso exatamente como o Presidente. Se é para investigar, então que seja investigado amplamente. Envolvendo todos os atores deste moribundo capítulo da história do Brasil que é a pandemia.
Entretanto, é preciso atentar para os parâmetros legais. O regimento interno do Senado, por exemplo, proíbe que o Senado Federal investigue Estados, Municípios e a Câmara dos Deputados. (Art. 146 do Regimento interno).
Contudo, Juristas renomados dizem que o fato de o tema em questão ter relação com verbas federais repassadas aos Estados e Municípios, com o objetivo de atender demandas da Covid, tal investigação poderá sim ser estendida aos entes federados.
Outro fator de peso é que muitos Senadores são inimigos dos Governadores, cuja razão leva esses parlamentares a querer a extensão da CPI, colocando fogo no circo de uma vez por todas.
Com isso, Bolsonaro marcou dois gols até o momento. Um é botar todos no mesmo balaio. O outro é estimular sua militância que estava meio adormecida.
Hoje no Brasil, somente Lula e Bolsonaro tem militantes, mais ninguém. Porém, cerca de 50% da população não faz parte de nenhuma dessas torcidas, conforme pesquisas publicadas. Esse fator, tem levado algumas lideranças de centro, avessos a Lula e Bolsonaro, a buscar uma tentativa de união de centro e viabilizar uma terceira via. Se essa união acontecer e ao mesmo tempo reunir militantes, é algo que pode ameaçar a direita de Bolsonaro e a Esquerda de Lula, mas se não prosperar, então podem tirar o cavalo da chuva.
Ou seja, essa CPI vai virar o centro de uma disputa política, quando na verdade as apurações dos fatos determinados ficarão em segundo plano.
Uma CPI, sabe-se como começa, mas não se sabe como termina.
Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista.