Publicado em 03/02/2020 às 13:35, Atualizado em 03/02/2020 às 17:38
Dizem, é? Bom... Para mim não funciona bem assim, mas cada um é cada um.
O carnaval é uma tradicional festa em todo mundo, aqui no Brasil é mais intensa. Além de ser tradicional é uma manifestação cultural, entretenimento e porque não dizer, “um grande negócio”.
É na estação litúrgica da quaresma que são realizadas as festas. Pela definição clássica – é uma despedida dos prazeres da “carne” - antes da quaresma.
Houve um tempo, aqui no Brasil, que as comemorações ocorriam nos salões, embaladas por marchinhas. Festas que começavam quando o sol deitava e terminavam quando o sol se levantava.
Hoje, são realizados grandes eventos por meio de Trios Elétricos, ou nas passarelas, onde as Escolas de Samba dão verdadeiros Shows de tecnologia, com alegorias imensas, enquanto no chão batido das avenidas, mulheres, - em especial artistas – exibem o corpo nu, com movimentos extremamente sincronizados aos sons das baterias.
São festas caras, onde a classe média e os pobres nem passam perto. Mas essa é outra questão.
É óbvio, no entanto, que se para uns o Carnaval é descontração, irreverência, diversão, liberdade. Para outros Carnaval é uma armadilha para o mal. É uma licença para o pecado. É um ambiente de drogas, onde qualquer teoria de que se trata de uma despedida dos prazeres da carne, antes da Quaresma, é levada a sério, diante da enorme entrega de muitas pessoas. “Fincam o pé na jaca” pra valer.
Muitos garantem que se trata de um evento de grande valor sociocultural, dentro do qual milhares gastam seus “mirreis” e os artistas faturam muita grana. Um negócio, evidentemente.
De toda ordem, é absolutamente importante garantir a liberdade e a escolha de cada um. Vale ressaltar as belezas das alegorias, e outros eventuais pontos positivos desta festa, embora nem todo mundo opta por cair na folia. Uns preferem a tranquilidade e convívio com a natureza. Outros escolhem os retiros espirituais.
Não sou do tempo de Matusalém, contudo, percebo grande mudanças no comportamento dos Brasileiros quanto ao Carnaval. Cada folião curte o carnaval da forma que lhe apetece, inclusive não participando dele.
Agora mesmo acabei de falar com alguns amigos. Um deles respondeu: sim, estarei na avenida de novo, com o grito, “não deixei o samba morrer”. Outro resumiu dizendo que o gosto carnavalesco já não invade todos os espíritos, todos os bolsos e todas as Ruas. Não vai querer ouvir o soar dos clarinhos e o rufar dos tambores, prefere o chilrar dos pássaros e a tranquilidade.
Quem é que disse que o ano só começa depois do Carnaval? Não sei. Talvez seja o interminável recesso do Judiciário e do Congresso Nacional.
Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista