Publicado em 19/10/2021 às 09:51, Atualizado em 19/10/2021 às 13:53
Foi no início da década de 80 quando comecei a acompanhar com intenso interesse os acontecimentos sociais e políticos de nosso País.
Poderia destacar inúmeros momentos, porém, resumi em quatro.
O primeiro: DIRETAS JÁ.
O Brasil vivia plena ditadura militar. Motivado pela própria “abertura” que o regime sinalizava, o então Dep. Federal (PMDB – MT) Dante de Oliveira, apresentou uma Emenda à Constituição – PEC nº 05/1983, que ficou conhecida como Emenda Dante de Oliveira, objetivando restaurar as eleições diretas para Presidente da República, através das alterações dos artigos 74 e 148 da Constituição.
A Emenda foi rejeitada pela Câmara dos Deputados e ali começou o movimento das “Diretas Já”. – Um movimento – político de cunho popular que teve como objetivo a retomada das eleições diretas para Presidente da República.
Realmente foi um movimento incrível, com união dos partidos políticos, empresários, artistas, jogadores, mas, principalmente com O POVO BRASILEIRO. Essa mobilização, entre 1983 e 1984, contudo, culminou com uma eleição INDIRETA, que elegeu Tancredo Neves....
O Segundo: A CONSTITUIÇÃO DE 88
Com a vitória de Tancredo, que morreu antes da posse, o Vice José Sarnei assumiu a Presidência da República e convocou a Assembleia Nacional Constituinte para escrever uma nova Constituição ao País.
Vinte e um anos depois do golpe de 1964, em 05 de outubro de 1.988, foi Promulgada a Constituição Cidadã, maior símbolo do processo de redemocratização nacional.
O terceiro. O PLANO REAL.
Era 1.994. O Brasil vivia uma HIPERINFLAÇÃO. Em outras palavras, um inferno que carcomia o salário do trabalhador.
Surgiu, portanto o Plano Real. Um programa brasileiro com o objetivo de estabilização e reformas econômicas iniciado em 27 de fevereiro de 1.994, com a publicação da Medida Provisória nº 434, implantado no Governo do Presidente Itamar Franco, acabando com a hiperinflação, uma das maiores crises inflacionárias do mundo.
O Quarto: OPERAÇÃO LAVA JATO.
O Brasil apodreceu em corrupção. Nos porões dos Palácios em Brasília, entre pratarias luxuosas e vinhos importados, empresários picaretas e políticos corruptos negociavam as propinas, vendiam a alma dos brasileiros, chafurdavam a honra da nação, fazendo da corrupção algo sistêmico, como se tudo pudessem em detrimento das leis em vigor. Uma vergonha imensurável.
Então, a Polícia Federal deflagrou a OPERAÇÃO LAVA JATO. Nunca os brasileiros, (pelo menos esse pobre escriba), se sentiu tão aliviado e esperançoso.
Foram 79 fases. 1.450 mandados de busca e apreensão. 211 conduções coercitivas. 132 mandados de prisão preventivas. 163 prisões temporárias. Foram colhidos materiais e provas que embasaram 130 denúncias contra 533 acusados, gerando 278 condenações, chegando a um total de 2.611 anos de pena. “Agora vai”: diziam as pessoas. Finalmente o Brasil seria passado a limpo.
Ledo engano. Triste realidade. A-CA-BOU!!.. Como diria o locutor esportivo. Em 13 de fevereiro de 2.021 a Operação Lava Jato foi dissolvida pela Procuradoria Geral da República, logo após a vergonhosa decisão do Supremo Tribunal Federal que ANULOU as condenações do Ex-Presidente Lula, abrindo porteira para uma enxurrada de anulações de processos.
Gente como Marcelo Odebrecht, Andrade Gutierrez, Alberto Yossef, Lula, Eduardo Cunha, Palocci, Gedeu e mais uma centena, (presos na operação), saíram pela mesma parta que entraram, ostentando terno de corte Italiano e gravata de cetim.
A Operação Lava Jato resgatou milhões de reais para os cofres públicos, deu esperança a muita gente, mas o seu desmonte, deixou absolutamente evidente que a prisão de poderosos no Brasil é um fenômeno quase impossível de acontecer. É aquilo que chamo de “sensação de impunidade”.
Entre 1.983 a 2.021, 38 anos de histórias, é óbvio que muitas outras coisas acontecerem, entretanto, os quatro episódios destacados, me pareceram ser os de maior relevância.
O que esperar para o futuro? Sei lá.
Elizeu Gonçalves Muchon