Ligo a TV e não tem jogo para assistir. O máximo são exibições de jogos históricos. Isso, porém, não tem relevância nesse período de pandemia.
Então começo falar com amigos por meio da internet. Um deles me disse: - Que loucura é essa!? Gente chorando seus mortos. Parentes que se quer podem se despedir. Caixões lacrados, velórios de dez minutos, sem abraços. Filas e filas de covas sendo abertas por retroescavadeiras. Imagens assustadoras na TV.
Pois é. Tenho ouvido dizem que é preciso ler textos otimistas, alto astral. Nada de ficar bitolado na TV assistindo essa onda alucinante, devastadora e nostálgica que abala o psicológico de qualquer um.
Realmente é verdade. Entretanto, na prática, não é tão simples assim, sair de um epicentro, estando no meio dele. Simplesmente desligar um botão. Ou colocar no piloto automático em céu de brigadeiro.
Para vencer um inimigo é preciso conhece-lo. Certa vez, Winston Churchill escreveu: “ Não adianta dizer – Estamos fazendo o melhor que podemos – Temos que conseguir o que quer que se seja necessário”.
Por esta razão comecei a falar com médicos amigos. Buscar saber como as coisas são dentro dos hospitais. As histórias são de esmigalhar a alma. Um cenário de filas de gente nas macas e UTIs. Doentes do Corona e também de outras patologias. Câmaras de frigoríficos para colocar os mortos... É só tristeza.
As autoridades batem cabeça. Brigam. Se dividem quando tinham que se unir.
O Presidente dá o diagnóstico. É uma gripezinha. Usem Cloroquina, (ou tubaína, zomba Bolsonaro, no dia que o País registrou mais de mil mortos). Vá trabalhar porque a economia vai quebrar, (como se já não estivesse quebrada).
Governadores e Prefeitos Decretam: Não é uma gripezinha, esse vírus mata. Não vá trabalhar, fiquem em casa. Não tomem Cloroquina a menos que o médico mandar.
Então você vai ficando feito barata tonta cruzando um galinheiro. É a desinformação batendo na porta e o vírus chegando cada vez mais perto.
Um dia vai ter vacina ou um medicamento eficaz. Um dia, não se sabe quando.
Mas não podemos entrar em pânico. É eficaz lembrar que na história da humanidade, seres humanos como nós, já passaram por pandemias, guerras, genocídios, escravidão, fome, humilhações e mesmo assim foram fortes, práticos e se adaptaram na linha tênue, o suficiente para levar a vida em frente.
O medo não é apenas do Corona. As pessoas continuam necessitando de outros tratamentos. Infartos, AVC, acidentes e muitos outros. Ouvi, por exemplo, o depoimento de um senhor que tinha uma cirurgia da próstata marcada. Foi cancelada sabe-se Deus pra quando. Como essa doença avança com muita rapidez, é muito provável que quando essa cirurgia for acontecer já seja tarde demais. Ou seja, os rastros de desgraças vão ficar para macular as pessoas, mesmo depois do fim da pandemia. Eu espero, pelo menos que os novos leitos de UTIs que foram cadastrados no SUS e habilitados para o tratamento do Covid -19, fiquem depois para atender paciente de outras patologias para vencer uma enorme demanda reprimida que ficará.
Por fim eu lhes digo: Não entre em pânico. O pênico tem que ser combatido. Cada um a seu modo de combate-lo. Não creio que apenas frases otimistas seja suficiente, é necessárias atitudes concretas, sem tergivesar.
Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista
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