Enquanto uma obra no Brasil se arrasta por anos, na China, um Hospital – para mil leitos – foi construído em dez dias. Uma combinação perfeita pautada em três eixos: produto, processo e gestão, gerando a industrialização da construção.
A construção foi realizada para atender as vítimas do Coronavírus que causou uma pandemia naquele País.
E por aqui, terra do Carnaval e do Futebol? O Ministério da Saúde reativou um grupo interministerial de Emergência em Saúde Pública, para cuidar das situações relacionadas ao Coronavírus e evitar que a doenças se espalhe. Este Centro de Operações de Emergência está preparando minimamente a rede pública para o atendimento de possíveis casos do Coronavírus.
O Ministério da Saúde também está agindo corretamente e com eficiência ao criar protocolos de atendimentos para barrar o Coronavírus.
Por outro lado, o que está sendo feito para conter a Dengue, Zika e Chikungunha?
O Próprio Ministro Mandeta afirmou que o povo brasileiro tem que se preocupar é com a Dengue e não com o Coronavírus, em que pese o mesmo Ministro não criar uma estrutura de acolhimento nos hospitais, para atender mais de 30 mil casos notificados nesse início de ano, (2020).
Há de se considerar que a taxa de letalidade do Coronavírus é menor que as doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegyptit, assim como a letalidade da gripe H1N1, além dos escorpiões, outra encrenca das grandes. No entanto, o que se vê são os corredores dos hospitais lotados, sem uma ação especial e cuidadosa por parte do Ministério, com foco no atendimento desses pacientes, vítimas de epidemias todos os anos.
Quando se fala nos casos de alta complexidade, aí a situação é ainda mais grave. Outro dia desses, uma senhora de 70 anos, disse na TV que espera, há dois para fazer radioterapia.
Outro, apodrecendo em cima de uma cama aguardando uma cirurgia no fêmur.
Milhares esperam por cirurgia eletiva, que por fim se torna urgência em razão de não realizar o procedimento na hora necessária.
É um sofrimento sem fim. Entra dia e sai dia e as pessoas que dependem do SUS, convivem com o “não”. A vida começa todos os dias, mas começa com a infelicidade de não poder ter acesso decente a um tratamento médico.
Os custos com saúde, no entanto são assustadores. É uma conta que não fecha. Má gestão. Altos custos com materiais e profissionais. Má vontade. Abuso de poder e preconceito. É um saco sem fundo que gera a dor e sofrimento de milhões de pessoas que necessitam de atendimento com, no mínimo, uma pitada de carinho e gesto humanitário.
Todos os dias a mídia dedica longas crônicas, grandes reportagens sobre o Coronavírus. É bom que seja assim pois não se pode deixar mais um mal atingir nosso povo, todavia, essa mobilização do Ministério da Saúde, às vezes parece um pretexto para desviar o foco do abandono que assola todo o sistema.
Lembro quando o H1N1 atingiu em cheio o Brasil. Foi uma epidemia e no calor emocional, o Ministério da Saúde criou uma grande campanha de prevenção e atendimento. Qualquer pessoa com o sintoma era isolada, tinha o material colhido e recebia tratamento diferenciado. Atualmente, o H1N1 continua circulando e não se fala mais em nenhum tratamento diferencia, lembrando que a letalidade desse vírus é alta, basta dar uma olhada nos boletins epidemiológico de 2019. Claro que a diferença é que existe vacina para evitar o H1N1, porém, não é disponibilizada a toda a população.
Ademais, é torcer para que o Coronavírus não se espalhe. É costume dizer aqui no Brasil: “esse é um negócio da China”, quando se faz um bom negócio, porém, o Coronavírus é um mau negócio da China, mas construir um Hospital em Dez dias é uma lição de mobilização e eficiência.
Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista
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