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"O Brasil do freixo: que tipo de brasileiro estamos formando?" Por Sargento Betânia

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Imagem: Arquivo Pessoal

Vivemos tempos em que o “dar o peixe” virou política pública e o “ensinar a pescar” caiu no esquecimento, como se fosse uma prática opressora ou ultrapassada. A cada novo programa assistencialista, temos a sensação de que o Estado brasileiro está distribuindo freixos em vez de anzóis — e o pior, sem ensinar nem onde fica o rio.

O assistencialismo desmedido e mal direcionado tem gerado uma geração cada vez mais dependente do governo, sem capacitação, sem autonomia e, por consequência, sem responsabilidade. Estamos formando brasileiros para esperar, não para agir. Para pedir, não para produzir. Como dizem por aí, “tempo fácil cria homem fraco” — e o Brasil anda distribuindo maciez como se fosse brinde de inauguração.

Não se trata aqui de demonizar a assistência social. Ela é necessária, sim, em situações emergenciais e de vulnerabilidade. O problema é quando o auxílio se torna rotina, vício, bengala para quem pode — e deveria — caminhar com as próprias pernas. Criamos uma cultura de direitos sem deveres, de benefícios sem contrapartidas, de ajudas sem rumo. Aí está o nosso “freixo”: queima fácil e não dá futuro.

Talvez o leitor ache exagero. Mas pense comigo: qual foi a última vez que se valorizou o mérito no Brasil sem que alguém gritasse "elitismo!"? Quando um jovem esforçado vence, é “exceção”; quando se exige disciplina e trabalho duro, é “opressão”. Estamos criando um ambiente onde a mediocridade se sente à vontade — e onde a excelência é constrangida.

O país não aguenta mais tanto peso morto. A economia não vai suportar a conta de uma população que não produz, mas consome; que não contribui, mas cobra; que não participa, mas exige. A lógica do “me dá porque é meu direito” virou regra — e com ela, enterramos o “me esforço porque é meu dever”.

O velho ditado diz que tempos difíceis criam homens fortes. Talvez seja hora de aceitar que os tempos fáceis estão nos criando fracos, frágeis, e, por que não dizer, folgados. E se não mudarmos essa mentalidade, não será o Brasil que vai quebrar. Seremos nós, por dentro, pela ausência de valores, de postura, de atitude.

Precisamos urgente de um retorno ao básico: trabalho, responsabilidade, disciplina e, claro, educação com propósito. Porque no fim das contas, o que nos salvará não é o peixe, nem o freixo, mas o anzol — e a coragem de usá-lo.

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