Publicado em 14/06/2021 às 15:48, Atualizado em 14/06/2021 às 19:50
A CPI da Pandemia traz, pela primeira vez, o debate sobre Ciência e Tecnologia como uma das pautas centrais. Nunca se discute esse assunto em rede nacional.
O Sistema Brasileiro de Ciência e Tecnologia pede socorro, considerando que há décadas, sucessivos Governos cortam verbas e coloca em último plano o desenvolvimento de nossa ciência/tecnologia.
Nossos pesquisadores, quando podem, vão para outros países, por falta de investimentos e interesse do Governo brasileiro, sistematicamente ao longo de décadas, com raras exceções, como é caso da Embrapa.
De acordo com a UNESCO, “a ciência é o conjunto de conhecimentos organizados sobre os mecanismos de causalidade dos fatos observáveis, obtidos através do estudo objetivo dos fenômenos empíricos”, enquanto “a tecnologia é o conjunto de conhecimentos científicos ou empíricos diretamente aplicáveis à produção ou melhoria de bens ou serviços.”
Ou seja, vê-se pela definição da UNESCO, o amplo universo a ser estudo e pôr fim a ser aplicado em benefício do cidadão e quando não se faz, evidentemente tem que comprar dos países que conseguem produzir os produtos tecnológicos.
Resta incluir o papel da “educação” no contexto da ciência e tecnologia, mesmo porque a educação atravessa atualmente uma crise sem precedentes no Brasil.
É imensurável e absolutamente grave e preocupante as deficiências na alfabetização de nossas crianças. O ensino básico como um todo amarga um decepcionante resultado final, vistos nas provas do ENEN e vestibulares, criando um nicho de baixa excelência, conforme as avaliações internacionais.
Se não se tem um bom ensino básico, os reflexos negativos são evidentes nos níveis de graduação e no próprio desenvolvimento da ciência e tecnologia.
Também há de se destacar o desprezo do sistema educacional brasileiro a formação de profissionais de nível técnico, pois essa é uma lacuna que prejudica, sobretudo os setores industriais que não conseguem técnico para preencher as vagas disponíveis no mercado de trabalho.
O conjunto, “Educação, Ciência e Tecnologia”, segundo apontam especialistas, é o único caminho para o desenvolvimento de qualquer país.
Então pergunta-se: porque não é dado a devida atenção, a prioridade e o alargamento dos investimentos nesses setores?
Certa vez fiz essa pergunta a uma influente Senadora de nosso Estado, (que já não exerce mais o mandato).
Ela me respondeu que alguns parlamentares e até mesmo alguns ocupantes de cargos executivos importantes, tentam mudar as coisas nesse sentido, mas não conseguem fazer do tema uma prioridade, pois se alguém colocar esse tema como prioridade em seus programas de governo em uma campanha eleitoral, não se elege nem a “inspetor de quarteirão”.
Desde essa época, passei a observar atentamente os programas de governo dos candidatos a Presidente da República e notei, que temas como saúde, educação, ciência, segurança pública, etc.. são sim colocados nos planos, porém de forma genérica, sem detalhamento e prioridade.
Nos debates e nas divulgações de mídia, os candidatos fogem dos assuntos, preferem apontar defeitos de seus adversários, chafurdar em temos menores, e embrulhar todo mundo com conversa mole.
Na última campanha por exemplo, nunca vi um debate tão pobre. O principal assunto foi uma lamentável e injusta facada em um dos candidatos.
Sem mais delongas, o que quero dizer é que a CPI trouxe à tona um debate importante e que deve ser mantido. Mesmo porque o Brasil é dependente das importações de bens tecnológicos em praticamente todos os setores
No caso dos medicamentos acabados por exemplo, 90% são trazidos de fora. Isso é inaceitável para um país de pessoas inteligentes como no Brasil.
Já passou de a hora do país só vender pau brasil, açúcar, café soja, carnes e outros produtos primários. Sim, continuar produzindo produtos primários, mas agregar valores por meios de desenvolvimento tecnológico, vender tecnologia e entrar definitivamente na realidade da economia globalizada.
Elizeu Gonçalves Muchon