Publicado em 12/05/2022 às 14:49, Atualizado em 12/05/2022 às 18:50

"O discurso" por Elizeu Gonçalves Muchon

Elizeu Gonçalves Muchon,
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Imagem: Arquivo

É muito difícil falar em público. A oratória tem como maior objetivo saber convencer qualquer pessoa sobre qualquer assunto.

Como admirador dos grandes oradores, mesmo aqueles de outras gerações que não tive o privilégio de ouvi-los, como Joaquim Nabuco e Rui Barbosa, que aparecem no topo da lista, tenho acompanhado o discurso de nossos líderes da atualidade, sendo possível ouvir alguns notáveis nos tempos atuais, embora em número reduzido.

Nesse período pré-eleitoral acompanho o discurso dos postulantes a cadeira mais cobiçada de nossa República.

Lula por exemplo, é um bom orador, porém tem cometido erros apavorantes em seus discursos, alguns dos quais, até mesmo os jornalistas que fazem sua defesa não conseguem justificar tamanho deslizes.

Ele é bom de improviso, um sedutor de plateias, mas em discursos lidos não tem bom desempenho. A maior dificuldade que está encontrando é coerência entre o que fala e o que pratica. O discurso político tem que estar em sintonia com as atitudes, ou, tornar-se-á em palavras inócuas.

Por sua vez, Bolsonaro não é um orador habilidoso, não empolga, tem voz comum, mas é inteligente ao falar aquilo que seu público quer ouvir. Já nas redes sociais ele tem grande domínio.

Entre outros habilidosos, a Senadora Simone pode ser notada, mas, o que quero dizer é que temos carência de bons oradores de modo geral.

Por outro lado, ouço muito as pessoas dizerem que estão de saco cheio de discurso, querem atitudes, coerência, realizações. É óbvio, todos querem, porém, quando me refiro aos discursos, estou dizendo de uma ferramenta absolutamente necessária, não só no meio político, mas em toda atividade onde se faz necessário conquistar a atenção e admiração do grande público.

Na seara política, Tancredo Neves dizia que tem um discurso para ganhar as eleições e um discurso para governar.

Nesta linha tênue entre o possível e o impossível, nota-se claramente uma característica (no discurso de nossos presidenciáveis) populista e a negação tácita de que existe uma realidade objetiva, um passado real, um comportamento e uma história de cada um que é impossível apagar, por mais que se queira exorbitar da realidade e ultrapassar os limiteis razoável com uma profunda eloquência contida nos discursos, fica complicado ante a um passado de erros.

A importância de uma boa comunicação é tamanha, que a certo tempo passado, um candidato a Presidente da República – Enéias Carneiro – com apenas oito segundos de rádio e TV, expressava seu proselitismo político de forma extremamente lacônica que conquistou milhares de votos.

Portanto, o poder da palavra, sobretudo da palavra estrídula como um clarim, é muito grande, tanto para o bem quanto para o mal. Faz o sujeito acreditar em papai Noel, coelhinha da Páscoa, disco voador e numa montanha de bobagem. Por esta razão é bom manter os ouvidos bem abertos e capacitado para diferenciar o bom do mau discurso.

Elizeu Gonçalves Muchon

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