Temos um ambiente onde nossa consciência produz uma espécie de mundo paralelo da realidade, algo que paira de forma conjunta com nossa realidade. Esse local interno vivenciado apenas em nossos pensamentos, é como uma casa onde só nós temos a chave, chave essa que permite entrar e sair do universo de emoções, onde apenas nós mesmo conhecemos.

Dentro dele, se materializa uma seara debates de nossos retratos mais íntimos, tais como: sonhos, desejos, tradições, esperanças, anseios, frustrações, inquietudes e muitos outros elementos que constituem nosso superego.

Isto posto, a cada por surgir uma perspectiva em constante transformação, sinalizando a todo tempo de formas e meios que resultam em decisões e ações na nossa vida.

Esse turbilhão de informações geradas e gerenciadas nesse ambiente controlado, proporciona um cenário harmônico de regras, que definem nosso gerador de controle emocional ou social.

O mecanismo que gerencia a forma de lidar com esses pensamentos, está ligado ao modelo em que nossa construção familiar e social proporcionou, seja por meio da criação em nosso berço materno, nosso trabalho, o lazer; todos esses ambientes são consideravelmente importantes para que a construção de nossas ações seja reveladas.

Em relação as inquietudes, estas são constantes e se rebelam nos pensamentos, fomentando a todo tempo impulsos e freios nas atitudes que devemos ter em cada ambiente que nos deparamos.

É comum, em meio as regras que somos impostos, dentro de nossa consciência, iniciar um divisor de opiniões, tal qual, somos impostos pelo sistema gerado em nossa razão para não adentrarmos em determinados embates.

Porém, imperativo é, lembrar que muitas das catástrofes que causaram sofrimento ou liberdade emocional, está ligado exatamente no momento que aquele controle até então suprimido, deixa de sê-lo e como uma chave que se movimenta no sentido anti-horário faz com que todos os pudores sejam deixados de lado e a verdadeira essência do ser seja aflorada.

Assim sendo, são de certa maneira reveladores os impulsos ou descobertas, mas são amarras soltas que trazem à tona vontades até então controladas por um mecanismo chamado sociedade.

Logo, se torna evidente que temos uma convenção social natural em todos os cantos, que nos limitam e afligem com regras e preceitos, fazendo que todos temam suas verdadeiras vontades. Não é que há erro ou acerto, há na verdade imposição de mandamentos agremiados em grupos ou tribos nos quais estamos inseridos.

As paredes que cercam nossa mais profunda consciência, estão sempre impermeáveis de serem acessadas ou provocadas. Entretanto, isso não está a salvo em suma de sua totalidade, visto que há dispositivos constantemente orbitando ao nosso redor tentando estimular nossa zona de conforto.

A serenidade das regras e pudores que seguimos, recebem um verdadeiro bombardeio quando o ambiente, ou situação fogem da regra comum dos nossos atributos, e isso faz com que a chave abra e liberte todo um controle que estava na reserva de nossa mente, e isso é identificado pelo chamado gatilho, que como um dedo no botão ou na matriz da essência da alma, libera todo controle, oportunizando que o brilho retido de diversos almejos seja despertados.

Seja verdade ou especulação, nossa matriz consciente ao ser estimulada retira dos ombros o peso da imposição social, das regras impostas, dos dogmas criados durante anos de vida e história de sociedade, com isso aquele desejo encrostado e enclausurado, dá liberdade a satisfação sem pejo, avassalando qualquer impositivo que possa controlar a vontade de viver. Isso, impõe em certo momento, a qual se dispõe após o gatilho de ação, que o ser sobrevoa em um deliciar de emoções onde poucas vezes se foi possível se permitir.

“E o que é liberdade, você pergunta? Significa não ser escravo de nenhuma circunstância, de qualquer constrangimento, de qualquer chance.” (Sêneca).

Toda via, é notável que tal preceito e experiência vivenciada nessa cesta de emoções, mas, como bem-dito, os prazeres que ali estavam controlados e outrora são rebelados, quando são aflorados e expostos. Por tanto, este entendimento não é bem-aceito em muitas vezes na coletividade e, em muitas oportunidades, em razão dessa liberdade, a inveja ou descendia dos costumes fala mais alto, e por isso o ser se submete ao preconceito que o mundo o cobrará.

Dessa maneira, todos somos controlados por nós mesmos, seja pelas crenças, regras do ambiente social.

Ao passo que se discorreu, em suma perfaz uma dúvida, qual gatilho já tivemos que acionar?

É evidente que a todo momento há provocações no meio a que pertencemos, onde nos incitam o acionamento de gatilho. Entretanto, será que reconhecemos esses estopins?

Não obstante, seu contexto social, familiar, profissional incita a todo momento em suas atitudes ao ponto de gerar diversos anseios decisórios?

Percebe-se que esse sobrevoo constante em nossa mente, transforma a todo momento inquietações que geram dúvidas a serem solucionadas, porque como dito, o mundo é cheio de conceitos e dogmas, onde estar inserido, faz com que promulgamos o tempo todo decisões em razão desses preceitos inseridos em nossa consciência.

O delinear da vida, da alma, da consciência, é uma constante restrição do verdadeiro eu nas ações do mundo em que estamos inseridos, mas nada é errado ou certo, tudo está interligado de como definimos o que é correto ou não. Então, essa inquietude ou medo de agir, versa sobre o que definimos e participamos.

Dialogar com sua alma, sua consciência e saber analisar o ambiente em que esteja para tomar nossas decisões, proclama no ser a verdadeira doçura do néctar que a vida pode celebrar. O êxtase das emoções pode estar escondido no próprio julgamento gerado pelas emoções retraídas, o que por sua consequência pode promulgar um encantamento ou frustação na medida que se decidiu agir.

Por fim, fique atento, pois, uma palavra, um cheiro, uma música, uma brincadeira, um toque, uma fala, um determinado tom de voz, agrupamento de pessoas ou imagens, podem ativar sentimentos que muitas vezes estão represados. Diante disso, conclui-se: Qual foi ou é seu “gatilho”, você é ou não livre de si mesmo?

“É livre aquele que tem em si mesmo o princípio para agir ou não agir, isto é, aquele que é causa interna de sua ação ou da decisão de não agir.” (Aristóteles).

Os autores

Odair José de Melo é Bacharel em Administração, Graduado em Direito e Pós-graduado em Direitos Humanos.

Ganem A. Neto é Graduado em Geografia (Centro Universitário de Brasília), pós-graduado em Sociologia (Universidade Gama Filho – Rio de Janeiro) e Mestre em Gestão Territorial (Universidade de Brasília).