Publicado em 10/06/2020 às 15:47, Atualizado em 10/06/2020 às 19:50
Não é mais segredo para ninguém que o Brasil está bem no meio de uma crise. Não uma crise qualquer, mas uma crise com quatro vieses, pelo menos.
O primeiro é institucional, considerando que os três Poderes de nossa Republica estão em total desalinhamento e com ofensas públicas entre seus representantes. O Segundo viés é uma crise de saúde pública com consequências difíceis de mensurar. O terceiro é de natureza política, com comportamento extremo tanto da direita quanto da esquerda, movidos por ideologias em vez de apresentarem soluções para o País, pois nem um lado nem o outro representa os interesses básicos da Nação, tudo agravado por falta de lideranças de CENTRO, que pudessem apresentar uma solução equilibrada sem os extremos de direita ou esquerda. E o quarto de natureza econômica, com milhões de pessoas desempregadas com queda brutal no PBI.
Paradoxalmente, em meio a uma crise de Saúde Pública, não só pela alta periculosidade do COVID 19, mas também e principalmente pelo sucateado Sistema de Saúde, carcomido ao logo de vários Governos, o povo está indo para as ruas em movimentos de protestos.
Atos pró-Bolsonaro, pró-fechamento do STF e do Congresso, pró-volta da Ditadura por meio de intervenção militar e por fim atos pró-democracia e contra o Governo Bolsonaro.
Para toda ação há uma reação. Quando os bolsonaristas foram para as ruas manifestar apoio ao Presidente, creio que eles achavam que tinham o monopólio das ruas. Entretanto, a oposição a Bolsonaro, cutucada com vara curta, reagiu e foi também para as ruas.
Por sua vez, o Presidente diz que o pedaço da rua que o critica é feito de terroristas, bandidos e maconheiros.
Virou uma fuzarca, para a qual o nome certo é CRISE.
Diante do atual cenário que pode evidentemente ganhar proporções gigantescas, quero lembrar que o Brasil nos últimos 18 anos, (isso considerando a história mais recente), é um País administrado sem nenhum planejamento.
Vamos lembrar que tudo começa na campanha eleitoral. Um candidato a Presidente da República, por determinação da Lei, necessita registrar seu Programa de Governo na Justiça Eleitoral.
Sendo eleito, esse Presidente tem, (ou teria) que elaborar seu Planejamento de Governo, tendo como base o Programa que o elegeu. Fazer um macroplanejamento considerando, por óbvio o Orçamento Geral da União e desse Macroplanejamento, fazer micro planejamentos para cada um dos Ministérios, Saúde, Educação, etc...
Feito isso, em tese o Governo tem, (ou teria) uma ferramenta para saber de onde partir e onde quer chegar. Ademais, é ter competência de gestão e não permitir corrupção.
Isso é elementar. Veja, até uma viagem que vamos fazer com nossos familiares necessita de um planejamento.
Porém, há tempos (não é apenas no Governo atual, mas inclusive nele), temos um país à deriva. Não há planejamento algum. Por exemplo: Qual a política pública traçada pelo atual Ministério da Educação? Nem o Ministro sabe responder, pelo simples fato de que não há nada planejado. Vai se fazendo aqui ou acolá, no improviso, conforme as demandas urgentes, mas não sabe onde quer chegar. Não há metas estabelecidas e estratégias para alcança-las. É dessa forma que a música está tocando, desafinada, sem ritmo e com versos sem sentidos, caracterizando uma melancolia.
Uma Nação em crise precisa de um plano, precisa de união, precisa de “homens e mulheres” e precisa de um líder para conduzi-la na travessia.
Elizeu Gonçalves Muchon – Professor e Jornalista.