Publicado em 21/07/2020 às 13:33, Atualizado em 21/07/2020 às 17:37
No inicio da pandemia a esperança era de que “saíssemos melhores e mais fortes” e que o ser humano aprendesse o real sentimento de empatia. Ledo engano. A supressão de alguns “direitos” mesmo que temporários tem exposto o que há de mais escabroso no ser humano.
O Desembargador do TJSP, ao ser autuado por autoridade policial para que usasse máscara ao transitar na rua, debocha do funcionário publico que apenas cumpria seu dever. Humilhou o policial o chamando de “analfabeto”, dizendo que iria rasgar a multa e jogar no chão (e assim o fez). Outro evento mostra o ilustre desembargador Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira passando pelo mesmo constrangimento com outro policial. Só que dessa vez recitava infinitos nomes para tentar demonstrar ser uma pessoa influente e termina falando em francês no meio de uma praça pública para os dois policiais que ali estavam apenas trabalhando.
No inicio do mês tivemos a carteirada do Engenheiro; depois tivemos o morador do Alphaville/SP que xingou a oficial e bradava em plenos pulmões que por ser rico nada iria lhe acontecer. Por que o brasileiro quando possui um mínimo de poder se torna uma criatura tão autoritária? Eu como estudante e pesquisador de Direito me senti envergonhado e decepcionado em ver que uma pessoa que conversa em francês em praça pública para mostrar autoridade para um trabalhador, é quem julga inúmeras demandas no judiciário.
Mario Sergio Cortella diz em um famoso vídeo que a única vez que um ser humano pode dizer “você sabe com quem está falando?” é quando se esta em fase terminal de um Alzheimer, pois não se sabe quem é. Quanto maior o poder, maior a necessidade de servir as pessoas.
É urgente que deixemos de praticar o mando autoritário brasileiro e retomar o pensamento republicano de isonomia. Saber que pessoas possuem cargos, responsabilidades e conhecimento técnico diferente. Mas somos todos iguais.
Parece clichê, mas é o que está escrito em nossa Constituição Federal no art 5º em seu caput:
“Todos são iguais perante a lei, distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança, nos termos seguintes”.
Clichê este que o nobre desembargador precisa colar na geladeira de casa para revisar todo dia e lembrar que seu trabalho é para servir a população e não intimida-la.
Rafael Fernandes Rodrigues
*Graduado em Direito pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul