A chegada da pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, mudou a rotina de todo nós. Com a necessidade de se promover o isolamento social como principal medida para se reduzir o risco de contágio, os mais variados segmentos da sociedade precisaram se adaptar e na educação não foi diferente - Precisando de assessoria de imprensa? Clique aqui e saiba como divulgar seu trabalho na internet.
No sentido de se evitar as aglomerações, as aulas presenciais foram suspensas, porém, o Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação (SIMTED) de Batayporã esclarece que o ano letivo segue em andamento por meio de aulas remotas, tanto nas redes Municipal e Estadual como na Educação Especial.
Rede Estadual
Fora das salas de aula, os professores precisaram se adaptar a uma nova realidade. Na Rede Estadual, plataformas como o Google Meet (Google Conhecer) e Google Classroom (Google Sala de Aula), grupos de WhatsApp, publicações nas páginas oficiais das escolas via Facebook e material impresso compõem os novos recursos disponibilizados aos educadores.
Essa é a realidade do casal de professores Vera Lúcia de Macedo Santos, de 47 anos, e Paulo Sérgio Ribeiro, de 44 anos. Ambos da Rede Estadual de Mato Grosso do Sul, eles atuam nas escolas Jan Antonin Bata e Braz Sinigáglia.
Para ela, que leciona Inglês há 22 anos e ele, que ministra aulas de Geografia há 12 anos, as aulas remotas representam uma situação nunca antes imaginada. “É uma metodologia nova tanto para nós professores quanto para os nossos alunos. Essa pandemia pegou a todos de surpresa”, afirma Vera.
Paulo ressalta que o grande desafio é fazer com todos os estudantes sejam alcançados. “Uns tem todos os recursos, como internet com wi-fi em casa e um bom computador, já outros não têm praticamente nenhum recurso, pois as vezes a família tem dois ou três filhos e apenas um aparelho celular para que as aulas sejam assistidas”, pontuou.
Outra questão delicada apontada pelo casal em não ter os alunos reunidos em um mesmo ambiente é a demora no retorno por parte dos estudantes. “Na sala de aula a gente ministra um conteúdo e já percebe de imediato se eles entenderam ou se têm alguma dúvida. Ao contrário disso, nas aulas remotas, isso ocorre bem depois, por meio de mensagens de WhatsApp por exemplo”, diz Vera.
Paulo revela que, por dia, o casal chega a responder cerca de 300 mensagens de alunos, fazendo perguntas sobre os conteúdos e querendo o esclarecimento das dúvidas que surgem. “Ficamos ligados praticamente 24h, pois entendemos que muitos pais que auxiliam os filhos trabalham durante o dia e só tem a noite ou os fins de semana para ajudá-los, portanto, nos esforçamos para responder aos questionamentos mesmo em dias e horários que não seriam os do nosso trabalho. É uma questão de bom senso. Se para nós, professores, o momento é delicado, para eles, os alunos e suas famílias não é diferente”, afirma.
Questionados sobre os resultados das aulas remotas, Vera e Paulo são unânimes em afirmarem que a devolutiva por parte dos estudantes está sendo bastante interessante. “Eles recebem os conteúdos, assistem às aulas remotas, tiram suas dúvidas. Embora de forma diferente da sala de aula, a interação está ocorrendo”, garante Paulo.
“Somos professores e pais ao mesmo tempo e, desta forma conseguimos entender os dois lados da moeda. Acreditamos que está dando certo e agradecemos o apoio e a participação dos responsáveis pelos alunos neste processo. O incentivo em casa é, sem dúvida, muito importante”, finaliza Vera.
Rede Municipal
Na Rede Municipal, foram criados grupos de WhatsApp nos quais, por meio de vídeos, os professores ministram suas aulas. A equipe também atua na impressão e distribuição de apostilas por meio das quais os conteúdos chegam a todos os estudantes, até mesmo os da zona rural.
Para a professora do 4º Ano da Escola Municipal Anísio Teixeira da Silva, que atende alunos de seis a 11 anos, Enilze de Souza Breguedo, de 44 anos, as limitações trazidas pela pandemia também representam um grande desafio. “Na verdade, ninguém estava preparado para isso. Todos estávamos habituados à forma tradicional de ensino, então posso dizer que está sendo uma grande novidade”, disse.
Neste contexto, Enilze pontua que as apostilas estão sendo um recurso fundamental para o processo de ensino e aprendizagem. “As aulas em vídeo acabam não atingindo a todos, pois muitos, especialmente os da zona rural, não têm internet em casa, mas apenas os dados móveis do celular, que são limitados e geralmente insuficientes para que as crianças assistam aquele conteúdo”, explicou.
A professora detalha que com a apostila, que é bimestral, a comunicação via WhatsApp entra como um complemento. “Procurei criar uma rotina. Pelo WhatsApp eu envio áudios saudando os alunos, indico a página onde estão as atividades do dia e dou as coordenadas. Aqueles que têm dúvidas enviam seus questionamentos e a gente vai seguindo. Ao final do bimestre, quando aquela apostila vem para as mãos do professor é que gente avalia o desempenho”, detalha.
Nas palavras de Enilze, o apoio das famílias é, de fato, muito importante neste momento delicado, porém, muitos pais não tiveram a oportunidade de estudar e, por este motivo, acabam não podendo dar um suporte adequado aos filhos.
“Às vezes também a família tem apenas um celular que o pai precisa levar durante o dia para o trabalho e só a noite é que os filhos podem usá-lo para estudar. Devido a isso, nós professores sabemos que neste momento não estamos tendo diferenciação de horário de trabalho e de descanso. A nossas vidas profissional e pessoal se misturaram, mas é preciso este esforço por um bem maior que é a Educação”, defende a professora.
Segundo Enilze, por uma série de fatores, a eficácia das aulas remotas não é 100%, mas o retorno está sendo bastante positivo. “Mesmo fisicamente longe a gente promove a interação e procura estar virtualmente perto da criança. Até pela faixa etária dos meus alunos, eles depositam nos professores muita confiança e nós, não apenas na qualidade de educadores, mas também como seres humanos, precisamos transmitir esperança, mostrar que estamos aqui e que este momento delicado que vivemos vai passar”, pontua.
Detalhando a questão emocional, Enilze revela que tem recebido muitas cartinhas e bilhetinhos dos alunos. “São demonstrações espontâneas de amor e carinho que as crianças manifestam e isso é muito importante para nós professores. O momento que vivemos é delicado e trabalhoso, mas sabemos que está valendo a pena. Não podemos parar”, conclui.
Educação Especial
Se para os integrantes educação convencional as aulas remotas já representam um grande desafio, imagine no âmbito da Educação Especial, onde as limitações dos alunos, por si só, são barreiras que precisam ser trabalhadas e vencidas diariamente.
A professora Juliana Alves de Souza, de 42 anos, que leciona desde 2006 e faz parte da Escola de Educação Especial Luz do Amanhã, mantida pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), entidade que atende pessoas com deficiência intelectual e múltipla, explica que o esforço é grande para que o atendimento ocorra.
“Antes da pandemia, a gente tinha horário de trabalho, horário de descanso e horário para os nossos compromissos pessoais, mas agora, é praticamente só trabalho. Preparação de atividades até altas madrugadas, visitas nas casas dos alunos, porém, é importante destacar que a gente faz tudo com muito amor e com muito carinho”, afirmou.
Juliana revela que além de levar os conteúdos nas casas dos alunos, seu trabalho é mais do que apenas ensinar. “Eles são especiais e acabam sofrendo mais com o isolamento social. Sentem muita falta do calor humano. A gente percebe que tanto eles quantos seus responsáveis sentem necessidade de serem ouvidos de compartilharem o seu dia a dia com a gente e a gente precisa dar este apoio emocional a eles”, explica.
A professora falou da importância do apoio das famílias no processo de aprendizagem. “Tudo tem seu lado positivo e, este período de isolamento social acabou fazendo com que os alunos se aproximassem mais de seus familiares. Antes, os responsáveis os mandavam para a escola, mas agora, o processo ensino-aprendizagem acontece na casa deles e isso tem gerado um vínculo especial entre alunos, responsáveis e professores, afinal de contas, formamos todos juntos a grande família apaeana”, finalizou Juliana.
SIMTED
O presidente do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação (SIMTED) de Batayporã, professor Edson Zopi, frisa a importância de se valorizar o esforço de todos os servidores da Educação, sejam professores ou administrativos, que não medem esforços para que, mesmo fora do ambiente escolar, a transferência de conhecimento ocorra com sucesso.
“Como observamos pelos relatos destes professores entrevistados e que, na verdade, representam todos os educadores de Batayporã, percebemos que eles estão se desdobrando, renunciando às suas vidas pessoais para que o conhecimento chegue até os estudantes. Estes profissionais merecem a valorização e o respeito de todos os segmentos da sociedade, pois estão diariamente superando seus limites e desempenhando um brilhante trabalho”, declarou Zopi.
Ele explica que o SIMTED de Batayporã tem dado, dentro das atribuições da entidade, todo o apoio aos professores e administrativos para que a Educação não seja prejudicada neste período delicado imposto pela pandemia do novo coronavírus. “Somente pela Educação é que podemos construir um futuro melhor, pois entendemos que o conhecimento é a chave para abrir todas as portas. Parabéns a todos que estão empenhados nesta causa”, finalizou. (Precisando de assessoria de imprensa? Clique aqui e saiba como divulgar seu trabalho na internet).
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