Depois de anos em baixa, tanto Campo Grande quanto o restante de Mato Grosso do Sul tiveram aumento nas taxas de mortalidade infantil entre 2020 e 2022. Os números da Fundação Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos) indicam tanto as mortes de menores de 1 ano de idade e de 1 a 5 anos.
Na Capital, o crescimento é de 14,5% no período citado e em MS, 18% para crianças com menos de 5 anos de idade. Isso significa que de cada mil nascidos vivos em 2020 na Capital, 11,7 morreram. Mas em 2022, subiu para 13,4. No restante do Estado, o salto foi de 12,8 mortes a cada mil nascidos vivos para 15,1.
Em relação aos bebês de até 1 ano, em 2020 e 2021 foram 10,3 mortes a cada mil, mas em 2022 subiu para 10,7. Já no Estado, foram 10,9; 10,7; e 12,4 mortes a cada mil nos anos de 2020, 2021 e 2022 respectivamente. O aumento, em percentual, na Capital, foi de 3,8% e em MS, 13,7%.
O aumento ocorreu na maior parte do Brasil entre 2020 e 2022, justamente, em período de pandemia de covid-19. Em nota, a fundação mostra que “as taxas de mortalidade infantil (avaliando óbitos no primeiro ano de vida) e a mortalidade na infância (abrangendo óbitos até os cinco anos de idade) demonstraram crescimento significativo, registrando elevações de 5,9% e 8,7%, respectivamente, em relação a 2021”.
Para a Abrinq, “[...] estas tendências demandam ações urgentes e eficazes para enfrentar desafios fundamentais que impactam as chances de sobrevivência e o bem-estar das crianças e dos adolescentes no país”. Os números são baseados em dados do Ministério da Saúde e da Vigilância em Saúde nacional.
Destaca-se no material a informação que as mortes entre 1 e 5 anos de idade são consideradas evitáveis, ou seja, poderiam ser impedidas com vacinação em dia ou acesso a água e esgoto tratado, por exemplo. “Esta realidade sugere que avanços nessa direção estão longe de serem alcançados e demandam uma expansão significativa do acesso à atenção básica em saúde”, cita a fundação.
Pelas informações do painel Mais Saúde do Governo de MS, foram 40.408 nascidos vivos em 2022 e desses, 500 morreram, ficando a taxa em 12,37, ou seja, a cada mil nascidos, 12,37 deles morreram. Já em 2023, a taxa cresceu para 13,59, sendo que de 37.382 nascimentos, 508 crianças morreram.
O painel mostra que a principal causa da morte é septicemia do recém-nascido, ou sepse neonatal, com 40 casos ano passado e 28 dois anos atrás. A doença consiste em uma infecção grave, que pode ser de origem viral, fúngica ou bacteriana, mas frequentemente associadas às bactérias, E.coli, Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Listeria monocytogenes.
A segunda maior causa em 2023 (27 casos) foi por má formação do coração e há dois anos (18 casos), enterocolite necrosante (necrose da mucosa ou até mesmo profunda da mucosa intestinal). Má formação do coração ficou em terceiro lugar com 16 casos em 2022.
Os números divergem dos nacionais por conta da diferença nos bancos de dados, mas ainda assim, o aumento permanece.
Conforme a Sesau (Secretaria Muncipal de Saúde), maioria das mortes ocorre entre o nascimento e o 28º dia de vida, que são 60% dos casos "e estão intimamente relacionados às condições da gestação e parto". Entretanto, "o componente pós-neonatal (28 dias a menores de 1 ano) vem crescendo nos últimos anos, necessitando maior atenção também aos cuidados pediátricos e de puericultura no primeiro ano de vida".
Tabela municipal do Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal mostra que 57,2% desses óbitos infantis estão na classificação de evitáveis:
Vale lembrar que o aumento na taxa de mortalidade vai na contramão dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) elencados pela ONU (Organização das Nações Unidas). Em Mato Grosso do Sulo, as metas dos ODS são reduzir a mortalidade para 5 a cada mil para crianças até 5 anos e máximos 8 para aquelas com até 1 ano de idade. -
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