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Câmeras especiais colaboram para a identificação de animais silvestres na Reserva Cisalpina

Entre os flagrantes registrados, está o de uma onça-parda jovem se alimentando e de uma irara, além de diversas outras espécies

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Imagens: Divulgação CESP

Câmeras especiais, conhecidas como “trap”, têm colaborado para a identificação de novas espécies de animais silvestres na RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Cisalpina, unidade de conservação da CESP (Companhia Energética de São Paulo), no município de Brasilândia (MS). Os equipamentos foram instalados em outubro do ano passado, como parte do Projeto de Soltura do mutum-de-penacho para monitorar a adaptação das aves na natureza. 

Neste período, além de acompanhar as aves, os equipamentos flagraram espécies como onça-parda, tatu-canastra, lobo-guará, veado-campeiro, tamanduá-bandeira, anta e jacutinga, além de jaguatirica, cachorro-do-mato, quati e paca. Entre os flagrantes que chamam a atenção, por exemplo, está o de uma onça-parda jovem com um filhote de jacaré na boca e uma irara. Em outro registro, mostra uma cotia se alimentando.

“Identificamos diversas espécies em nossas câmeras e estamos armazenando em um banco de dados para apresentar os resultados ao final do primeiro ciclo do projeto de soltura dos mutuns. Algumas dessas espécies de aves e mamíferos figuram na lista de animais ameaçados de extinção pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), na categoria “vulneráveis”, além de outras raras e de importância ecológica para o local identificadas. Esses resultados só mostram a grande riqueza da fauna na região”, destaca o professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) de Três Lagoas, Sérgio Posso, coordenador do Projeto de Soltura do Mutum de Penacho, em parceria com a CESP.

Ao todo, foram instaladas 20 câmeras trap – acionadas por meio de sensores de movimento -, sendo dez câmeras na Reserva Cisalpina e outras dez em uma área de preservação ambiental da companhia no município de Castilho (SP), onde também foi realizada a soltura de mutuns. Os equipamentos, explica o professor, foram dispostos de forma estratégica, visando cobrir diferentes ambientes, como: borda de mata, áreas próximas a corpos hídricos, etc. “O intuito era entender a dinâmica do ambiente, entender quais animais habitam esses locais, como é a interação dos mutuns soltos com estes ambientes e quais eram mais frequentados por eles”, completa Posso.

Para Jarbas Amaro, gerente de Sustentabilidade e Operações da companhia, os registros de animas silvestres na Reserva Cisalpina são fruto de um trabalho iniciado há duas décadas para a recuperação e conservação da biodiversidade na região. “A Reserva Cisalpina possui 3,8 mil hectares classificados como Unidade de Conservação. No entanto, as ações de proteção, recuperação e monitoramento, previstas em nosso Plano de Manejo, também são aplicadas nos 17 mil hectares de áreas de preservação ambiental existentes no entorno da Reserva. Estamos falando de uma área de transição entre Cerrado e a Mata Atlântica, ambos são biomas de extrema importância para o Mato Grosso do Sul e para o Brasil e a conservação deles é o legado que queremos deixar para as futuras gerações”, ressalta o gestor.

De acordo com o Plano de Manejo da Unidade de Conservação, a Reserva Cisalpina abriga cerca de 490 espécies de animais silvestres. Conforme o levantamento, desde a criação da reserva até o ano passado, foram identificadas 108 espécies de plantas, 22 espécies de anfíbios; 12 de répteis, 310 de aves; 92 peixes e 54 espécies de mamíferos. Deste total, 21 espécies estão na lista de plantas e animais ameaçados de extinção de órgãos como o MMA (Ministério do Meio Ambiente) e a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), sendo a maioria delas de aves e mamíferos, tais como: onça-parda (Puma concolor); onça-pintada (Panthera onca), cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), mutum-de-penacho (Crax fasciolata), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e jaguarundi (Herpailurus yagouaroundi).

Os resultados obtidos pelo Projeto de Soltura do Mutum-de-Penacho devem ser reunidos em um estudo que será concluído em dezembro deste ano, quando completará um ano da primeira soltura dos mutuns. 

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