Buscar

Estiagem severa atinge MS e La Niña deve agravar cenário até dezembro

Fenômeno climático pode manter chuvas irregulares e temperaturas acima da média em Mato Grosso do Sul

Cb image default
Lavoura de soja cultivada há poucos dias no lado sul de Campo Grande, em área ocupada tradicionalmente por pecuária. Foto: Arquivo/José Roberto dos Santos

A estiagem se intensificou nas regiões leste, bolsão e norte de Mato Grosso do Sul durante o mês de setembro, conforme o Boletim Casa Rural divulgado pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul). O relatório mostra que 62 das 64 estações meteorológicas monitoradas registraram chuvas abaixo da média histórica. A causa principal é a influência do fenômeno La Niña, que apresenta 71% de probabilidade de ocorrer entre outubro e dezembro deste ano, segundo o modelo climático CPC/IRI.

O levantamento, elaborado em parceria com o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) e o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), confirma que o Estado atravessou um dos meses mais secos do ano. Em grande parte do território, o volume de chuva variou entre zero e 20 milímetros. O boletim também destaca que algumas localidades tiveram entre 20 e 30 dias consecutivos com precipitação inferior a 1 milímetro, situação que prejudicou a umidade do solo e atrasou o início do plantio da soja.

Entre os 64 pontos monitorados, apenas Aral Moreira apresentou volume de chuva acima da média, com 149 milímetros acumulados: 39% a mais do que o esperado para o período. As demais regiões apresentaram déficit hídrico acentuado, especialmente o norte, bolsão e leste do Estado. O índice SPI (Índice Padronizado de Precipitação), usado para medir a intensidade da seca, variou entre -1,3 e -1,6 nessas áreas, valores que indicam estiagem de nível severo. Em contrapartida, o Pantanal registrou SPI positivo, o que significa chuvas acima da média nas escalas de três, seis e doze meses.

O boletim ressalta que, apesar da variação entre as regiões, o padrão climático aponta para irregularidade nas chuvas nos próximos meses. A previsão do Copernicus, sistema europeu de monitoramento climático, indica que os volumes devem permanecer ligeiramente abaixo da média histórica no sudeste e centro do Estado. O Inmet prevê que, entre outubro e dezembro, o acumulado fique entre 400 e 500 milímetros na maior parte do território, mas com forte oscilação de intensidade entre municípios vizinhos.

A tendência é de que o trimestre seja também mais quente que o normal. As temperaturas médias devem variar de 24°C a 26°C, podendo chegar a 28°C no noroeste e cair para 22°C no extremo sul. O Cemtec alerta que a combinação de calor e baixa umidade aumenta o risco de incêndios e evaporação da água em áreas agrícolas, o que pode comprometer o desenvolvimento inicial das lavouras.

Segundo os técnicos da Famasul, a presença do La Niña tende a reduzir o volume de chuvas regulares no Centro-Oeste. O fenômeno, caracterizado pelo resfriamento anômalo das águas do Oceano Pacífico Equatorial, modifica a circulação de ventos e o transporte de umidade da Amazônia para o restante do país. Em Mato Grosso do Sul, esse padrão costuma provocar estiagens intermitentes, maior amplitude térmica e atraso nas primeiras precipitações da primavera.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.