Um homem encontra-se recolhido em unidade prisional, à disposição da Justiça, após a Polícia Civil de Anaurilândia (MS) descobrir, no curso de investigações por posse irregular de arma de fogo, a prática de tentativa de feminicídio no contexto de violência doméstica. O caso evidencia a atuação célere e integrada da Polícia Civil, do Poder Judiciário e do Ministério Público no enfrentamento aos crimes contra a mulher.
As investigações tiveram início a partir de denúncias anônimas, que apontavam a existência de armas de fogo em situação irregular, além de possíveis episódios de violência doméstica. Durante as diligências, o homem foi preso em flagrante pelos crimes de posse irregular de arma de fogo de uso permitido e crime ambiental, após a apreensão de armamentos, munições e a constatação da manutenção ilegal de animais silvestres em cativeiro.
O investigado foi submetido à audiência de custódia, ocasião em que teve liberdade provisória concedida em relação a esses crimes. No entanto, antes mesmo de deixar a Delegacia, foi novamente preso, desta vez em cumprimento a mandado de prisão preventiva expedido pelo Poder Judiciário da Comarca de Anaurilândia, após representação da autoridade policial. A medida foi fundamentada em investigação qualificada, técnica e célere, que reuniu provas contundentes acerca da prática de tentativa de feminicídio, levando os fatos ao conhecimento do Judiciário e do Ministério Público.
No aprofundamento das investigações, surgiram novas e relevantes provas indicando que, na madrugada do dia 23 de novembro de 2025, o homem tentou ceifar a vida de sua esposa, não se consumando o resultado morte por circunstâncias alheias à sua vontade. Um registro audiovisual juntado aos autos demonstra que, por volta das 00h35, é possível ouvir nitidamente um disparo de arma de fogo. Logo após, a vítima aparece chorando e afirmando, de forma clara e audível: “me deu um tiro” e, em seguida, “ele atirou em mim”.
Na sequência das imagens, o investigado surge demonstrando frieza e ausência de arrependimento, afirmando a uma testemunha que teria errado o disparo, declaração que, conforme apurado, reforça a intenção homicida. Testemunhas confirmaram que a vítima conseguiu escapar ao se abaixar e correr no momento do tiro.
Proteção e acolhimento em Anaurilândia
Além da repressão penal, a atuação das instituições também ocorreu no campo da proteção e do acolhimento da vítima. A Polícia Civil, em conjunto com a assistência social do município de Anaurilândia, tem atuado de forma integrada por meio das ações implementadas na Sala Lilás, oferecendo atendimento humanizado e especializado às mulheres em situação de violência doméstica.
O serviço garante acolhimento, orientação e encaminhamento à rede de proteção, além de apoio imediato, inclusive com transporte para local seguro, acompanhamento psicossocial e suporte para o acesso às medidas legais de proteção, fortalecendo a segurança, a dignidade e a autonomia das vítimas.
A Polícia Civil reforça que mulheres vítimas de violência doméstica podem e devem procurar a delegacia, onde encontrarão apoio institucional e atendimento especializado. A denúncia é fundamental para romper o ciclo da violência, permitir a atuação do Estado e preservar vidas.
Dependência emocional e o ciclo da violência
Casos de violência doméstica como este evidenciam a complexidade de relações marcadas pela dependência emocional e pelo chamado ciclo da violência, caracterizado por fases de tensão, agressão e falsas reconciliações. Esse ciclo pode levar a vítima a permanecer em situações de risco, acreditando em mudanças que não se concretizam.
Especialistas destacam que romper esse padrão exige resposta rápida do Estado, apoio psicossocial contínuo, políticas públicas eficazes e redes de proteção fortalecidas, capazes de oferecer segurança, autonomia e novas perspectivas às vítimas.
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