A Operação Lava Jato foi a maior iniciativa de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história do Brasil. Iniciada em 2.014, a Operação, no entanto, chega a seu fim. Um fim melancólico, de uma Operação que sacudiu o mundo político e empresarial.
O que aconteceu? Teria sido a vaidade de Juízes e Procuradores, ou a conjuntura do sistema judiciário com incontáveis possibilidades de recursos? Ou as interferências de ordem política, filosófica e ideológica, que minaram essa operação na qual tanto botamos fé?
Parece-me que não tenha sido um motivo único, mas uma sucessão de fatos e seu declínio efetivamente se deram em 2.019, quando o ex-Juíz Sérgio Moro deixou a Magistratura e aceitou o cargo de “superministro” no Governo Bolsonaro.
Outro abalo, (neste mesmo período), foi a credibilidade dos Procuradores com o vazamento (ilegal) de mensagens, deixando transparecer que o então Juiz Sérgio Moro, orientava ilegalmente os Procuradores.
Na verdade, essa é uma história de Céu e Inferno. O Céu era ver corruptos serem presos e dinheiro roubado voltar aos cofres públicos. O Céu era perceber que finalmente os poderosos também estavam sendo submetidos às investigações e ao rigor da Lei.
No entanto, o Inferno é assistir ao fim frustrante da operação em meio a acusações de que a Operação tenha se contaminado em erros nos ritos processuais, cerceando amplo direito de defesa dos réus envolvidos, dentro de um sistema penal altamente generoso com os réus, mas, nem por isso deva ser burlado, sob pena de nulidade, como temos visto sentenças serem anuladas no STF.
As Leis Brasileiras precisão mudar. Isso é claro para qualquer cidadão. Mas não mudam, pois se o fizerem, poderão ser guilhotinados com a própria guilhotina.
Então, o cidadão brasileiro, esfolado com as altas taxas tributárias, esfolado com o desemprego, esfolado com a Pandemia, vê tudo ficar como “antes no quartel de Abrantes”, com o fim de uma operação que acima de tudo era a esperança de que o País pudesse melhorar com a “diminuição da corrupção”.
E agora, como será? Cabe dizer que admirei copiosamente o trabalho dos Procurados, mas por fim, me parece que realmente eles erraram a mão na ansiedade de fazer justiça, acabaram se perdendo na vaidade e erraram nos ritos processuais. Cabe dizer, que a exemplo de milhares de brasileiros, Sérgio Moro, “para esse aprendiz,” era o oráculo da aplicação da Lei, o exemplo de herói que finalmente estava dando uma demonstração inequívoca de que era possível arrumar as coisas por aqui. De repente, ele abandona tudo para fazer parte do Governo Bolsonaro e, acabou com isso sendo acusado de tendenciosidade em suas decisões.
É a vida no Brasil. Resta esperar que as autoridades brasileiras, incluindo o Judiciário, possam agir com menos vaidade e com mais prudência para que tenhamos uma sociedade mais justa. Esse é o triste fim da Operação Lava Jato. Contudo, encerrar a Operação não se justifica. O Que se esperava era corrigir os eventuais erros cometidos e a partir daí dar início a uma nova fase, respeitando o direito legal, o devido respeito ao amplo direito de defesa, mas seguindo em frente com as investigações e a aplicação da Lei. Vamos esperar sentados.
Elizeu Gonçalves Muchon – [email protected]
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