Em tempos de pandemia – leia-se – milhões de pessoas mortas no Brasil e no mundo. Desemprego em alta e fome batendo na porta das pessoas, (não é uma visão pessimista, mas uma realidade que afronta a sensibilidade de quem as tem), a pergunta, na primeira pessoa: o que me faz feliz?... Tem permeado a mente de muita gente.
Quando a morte, repentina ou não leva um ser humano próximo e querido, ou um desconhecido que por óbvio tem seus valores e sentimentos, nos faz refletir quando e como tomaremos o mesmo caminho. Sim, porque não há Reis e Rainhas, Presidentes e poderosos, ou pobre esquecido, todos serão tratados de forma equânime diante da passagem para o mundo dos mortos. Contudo, é aí que passamos a refletir e perguntar: O QUE ME FAZ FELIZ?
O que é a vida senão a morte adiada, protelada, postergada. Mas enquanto se vive, o que nos faz feliz? É um conceito amplo e muito pessoal. Tem os que dizem que tudo o que é bom é ilegal, ou engorda, ou é imoral. É um conceito nada espiritual e totalmente material, mas que define o pensamento do imediatismo, que de toda ordem deve ser respeitado.
Segundo a Mitologia Grega, o símbolo da ambição desmedida seguido de frustrações: TUDO QUERO, NADA TENHO, resume a passagem efêmera dos viventes na terra. Mas não se pode generalizar, mesmo porque aqui ou acolá encontramos pessoas elevadas que “NADA TEM E NADA QUEREM” a não ser servir e estender sua solidariedade ao próximo. Coisa rara, evidentemente, mas existe, sobretudo porque para essas pessoas, isso é o que lhes fazem felizes. Não só fazem felizes, mas pavimenta seu caminho a uma felicidade eterne e não material na qual acreditam.
Assustados com as mortes repentinas causadas pelo vírus chinês de pessoas saudáveis, notei que muitos poderosos e ricos tem feito uma retrospectiva de vida e avaliado seus conceitos de felicidade. É claro que o dinheiro é um aliado e compra o conforto. Todos querem. Eu quero e Deus não é contra a prosperidade financeira, no entanto não impede amorte.
A questão não é essa, mas a “escravização material”.
João Batista, profeta que preparou o caminho para o ministério de Jesus Cristo, comia mel silvestre e gafanhoto. Não raro, entretanto, pessoas de Deus, como Abraão e tantos outros, tiveram grande prosperidade financeira com a permissão e ajuda do criador. Imagino que todos eram felizes a guisa de seu modo de vida.
Muitas pessoas se sentem incomodadas com o texto bíblico que diz: “mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”. (Pode ser uma hipérbole/ou não).
Certa vez São Jerônimo resumiu que todas as grandes riquezas são filhas ou netas da iniquidade, ou injustas, porque um não pode achar o que o outro não tenha perdido. Na mesma linha, mas com um olhar filosófico, Aristóteles afirmou que “o rico, ou é injusto ou do injusto é herdeiro”.
Na verdade, o tempo caleja a sensibilidade e oblitera a memória das coisas, como sabiamente observou o grande Machado de Assis.
É enorme a subjetividade incrustrada no modo de vida de cada um, levando em conta suas culturas e conceitos de sobrevivência. Todos podem estar certos. O importante é que se respeitem as diversidades de pensamentos e a trajetória de vida de cada um e de cada povo, apenas quis dar ênfase às inúmeras declarações de gente famosa que se manifestaram dizendo que a pandemia e a morte iminente de tanta gente, tem as impelido a perguntar a elas mesmas: O que me faz feliz?
Elizeu Gonçalves Muchon.
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