Em 21 de setembro se celebra no Brasil o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. A data foi criada com o objetivo de conscientizar sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

O preconceito e a inacessibilidade pública também são pontos centrais a serem debatidos e que são responsáveis por dificultar a vida dessas pessoas.

Em Nova Andradina, um dos exemplos a serem citados em alusão ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência é o de Kleber da Silva Guntendofler, de 39 anos, mais conhecido como ‘Passoka’.

Paraplégico desde abril de 2016 quando foi vítima de um acidente de trânsito provocado por um adolescente que dirigia um carro e atingiu Kleber, que pilotava uma moto, ele passou a depender da cadeira de rodas para se locomover.

A partir daquele momento, ‘Passoka’ que levava uma vida ‘normal’ teve que se adaptar à sua nova condição. “Na parte emocional consegui superar com sucesso. Sou uma pessoa muito focada, pensei nos meus filhos, na minha esposa, nos amigos que me estenderam a mão e isso me ajudou muito, sendo a principal motivação para que eu não desistisse da luta, para que eu não abaixasse a cabeça diante dos novos desafios que surgiriam”, explica.

Kleber afirma que os desafios são muitos, mas defende que não se pode perder a motivação - Imagens: Acácio Gomes / Nova News 

Questionado sobre preconceito, o nova-andradinense diz que nunca se sentiu rejeitado ou inferiorizado por ninguém. “No meu caso, nunca percebi ter sido vítima de preconceito por causa da minha deficiência, mas sei que o preconceito existe e é muito forte. Conheço pessoas deficientes que relatam vários episódios vividos por elas e isso entristece a todos nós”, pontua.

Um dos fatores que, segundo ‘Passoka’ atrapalha muito a vida da pessoa com deficiência é a falta de acessibilidade. “Calçadas e rampas irregulares, vias esburacadas, bueiros fora do nível do pavimento e determinados estabelecimentos, tanto públicos quanto privados, sem as devidas adaptações são situações que muitas vezes passam despercebidas para outras pessoas, mas que constituem para o deficiente grandes obstáculos”, explica ele.

Outra reclamação de Kleber é com relação à falta de consciência por parte de muitas pessoas que acabam estacionando veículos de forma irregular sobre calçadas, ocupando vagas exclusivas para deficientes em estacionamentos, obstruindo rampas de acesso com seus carros entre outras situações.

Recentemente, ‘Passoka’ fez um desabafo nas redes sociais por meio de um vídeo em que exige mais atenção da população com relação a se colocar no lugar do próximo. Na filmagem, ele denuncia o descaso de condutores que estacionam seus automóveis em desacordo com as normas de trânsito.

Nova-andradinense sempre usa as redes sociais para lutar pelos direitos dos deficientes - Vídeo: Reprodução / Facebook

“A população em geral precisa ter mais consciência sobre a luta da pessoa com deficiência, bem como o Poder Público deve trabalhar com mais dedicação em políticas que favoreçam a inclusão e a acessibilidade. Só quem depende de uma cadeira de rodas, por exemplo, sabe das dificuldades enfrentadas no dia a dia”, afirma ‘Passoka’.

Segundo ele, é preciso que as pessoas deficientes e suas famílias lutem por seus direitos, batalhem por melhorias, exijam dos governantes e incentivem a iniciativa privada a criarem estratégias de inclusão em todos os aspectos. “Não podemos nos calar”, defende.

Kleber aproveitou o espaço cedido pelo Nova News para se dirigir aos demais deficientes de Nova Andradina e região. “Não abaixem a cabeça, não se isolem, não desistam dos seus sonhos e das suas lutas. Tenham fé em Deus e sigam em frente”, disse ele.

‘Passoka’ também mandou um recado aos familiares e amigos das pessoas com deficiência. “Tenham paciência, incentivem, animem com palavras de carinho e acima de tudo manifestem muito amor às pessoas deficientes, pois a vida delas não é fácil, porém com apoio e compreensão é possível sim viver com qualidade sobre uma cadeira de rodas. É claro que será uma vida diferente, será preciso adaptação, mas não é o fim do mundo”, pontuou.

Ele também fez questão de agradecer todo o apoio e carinho recebido da esposa Elizete, mais conhecida como ‘Li’ e dos filhos Gabriel, de 12 anos, e Geovana, de 13 anos. “Fé, família e amigos são os pilares que me sustentam nesta luta. Minha mais profunda gratidão a Deus e às pessoas que sempre estiveram ao meu lado”, finalizou.

A data

Oficialmente, o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência foi criado a partir da Lei nº 11.133, de 14 de julho de 2005, mas já era celebrada a nível extraoficial desde 1982.

A criação da data foi uma iniciativa do Movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes (MDPD), grupo que debate propostas de transformações sociais em prol das pessoas com deficiência desde 1979. (As informações sobre a data são do site Calendarr Brasil).

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